POR MAIS CRÉDITO, 'TRATORAÇO' INVADE BRASÍLIA


Na tentativa de atrair a atenção para o que chamam de "a pior crise de todos os tempos" na agricultura, produtores de 12 Estados dão início hoje, em Brasília, ao tratoraço.
A manifestação, organizada pela CNA (Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária), pretende reunir mais de 2.000 tratores na Esplanada dos Ministérios.
Os agricultores apontam quatro motivos principais que culminaram na atual crise no setor: perda de renda, frete muito caro, falta de política agrícola de longo prazo e alto custo de produção. A estiagem na região Sul contribuiu para a perda de renda, mas o que mais afetou foi o cenário macroeconômico, dizem os agricultores.
"Quando a gente plantou, o dólar estava acima de R$ 3. Agora que estamos colhendo está abaixo de R$ 2,40. Com esse "descasamento" não adianta ser competente da porteira para dentro", afirmou o coordenador nacional do tratoraço e presidente da Federação Agrícola de Mato Grosso, Homero Pereira.
Outro ponto muito criticado pelo dirigente é a política do governo para a agricultura. "O plano de safra [agrícola e pecuário] é inócuo. De que adianta ter recursos se não se credenciam os produtores para tomá-los?", questiona Pereira.

R$ 44,35 bilhões
O deputado Ronaldo Caiado (PFL-GO), presidente da Comissão de Agricultura da Câmara, tem a mesma opinião. "[O plano] é uma enganação, já que o aumento é irrisório", afirmou.
Na sexta-feira, o governo anunciou o orçamento do Plano Agrícola e Pecuário 2005/6: R$ 44,35 bilhões, valor 12,4% superior aos R$ 39,45 bilhões do de 2004/5.
Do total, R$ 33,2 bilhões vão para o financiamento de custeio e comercialização da produção, mas muitos produtores não podem utilizar os recursos por estarem inadimplentes (com dívidas atrasadas).
"Por total falta de ação do governo, mais de 500 agricultores hoje estão fora do crédito rural", disse Caiado, que, na sexta-feira, participou de reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na qual os produtores cobraram, mais uma vez, ajuda para o setor.
Uma sugestão dos ruralistas é ampliar a linha de financiamento com recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador). Já foi anunciada a liberação de R$ 1 bilhão, e o pleito é por mais R$ 4 bilhões.
Nada ficou definido no encontro de sexta, mas a organização do tratoraço divulga já ter agendado uma audiência com o presidente para amanhã às 11h30.

 



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