A RUÍNA HISTÓRICA,
COM LULA

 

Elio Gaspari

Na sexta-feira, quando o IBGE mostrou o tamanho do desastre ocorrido na economia nacional em 2003, Lula fechou o primeiro ano do seu programa PIB Zero. A ekipekonômica conseguiu um prodigioso resultado.
Tomando-se o primeiro ano de governo qualquer presidente, desde Deodoro da Fonseca, como ponto de partida de uma série de nove anos, os doutores Antonio Palocci e Henrique Meirelles chegaram ao fim do nono ano com um crescimento médio do PIB de 2%. Nenhum outro período produziu resultado tão ruinoso. (Entre 1985 e 1994, conseguiram-se 2,3% anuais.) A série de nove anos justifica-se porque foi em 1995, com a posse de FFHH, que a ekipekonômica formada quase sempre por ex-professores e futuros banqueiros passou a prevalecer nas decisões do governo brasileiro. Essa ruinosa anomalia foi preservada por Lula.
Os doutores Palocci e Meirelles caminham para a finalização da década desgraçada. Mesmo que neste ano o PIB venha a crescer 3%, a média dos últimos dez anos ficará em apenas 2,1%. Ao estilo de Lula: "É a maior ruína já vista na face do Brasil".
Faltam poucos meses para que se chegue à marca dos 2 milhões de desempregados na Grande São Paulo. O governo de Lula produziu desemprego e declínio na renda para o andar de baixo. Ao andar de cima, deu juros altos. Aos dois, impôs uma contração da produção nacional. A ekipekonômica faz tudo isso propagando a lorota segundo a qual os juros altos são necessários para conter a inflação. Falso. Num país onde a população gasta menos em alimentação (porque está comendo menos), a elevação dos juros nada tem a ver com demanda de produtos e serviços. Serve apenas para engordar gatos gordos.
Uma das mistificações prediletas dos governos é fechar um ano com maus números, anunciando boas novas para o ano que vem. (Em janeiro de 2003 os sábios do Banco Central previam um crescimento de 2,8%.)
Outra, é dar aos maus resultados um ar ocasional, como se os números do PIB de 2003 fossem a má notícia da semana. Falso. São a má notícia do ano. São o verdadeiro Waldomiro.
Entre 1950 e 1980 o Brasil cresceu a 7,2% ao ano. Se esse ritmo tivesse sido mantido, a renda per capita dos brasileiros estaria hoje no patamar da Espanha. Vale lembrar que esse crescimento ocorreu num mundo de duas guerras (Coréia e Vietnã) e num Brasil onde um presidente matou-se, outro foi-se embora, um terceiro foi deposto.
A partir de 1980, nas palavras do economista Artur Candal, "o Brasil começou a migrar para a África, de volta às suas origens geológicas". Enquanto o México e o Chile progrediram, Pindorama juntou-se ao atoleiro argentino e venezuelano.
Lula fechou 2003 com uma contração de 0,2% do PIB, coisa que não acontecia desde 1992. No últimos 60 anos, só dois presidentes tiveram resultado pior: João Figueiredo e Fernando Collor.

 



UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA