RESPONSABILIDADE
E AMOR À PÁTRIA |
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Antônio
Ermírio de Moraes |
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Que
a crise é séria todos sabem. Que é de natureza
moral ninguém duvida. Que envolve grande parte da classe política
é inquestionável. Todos sabem também o que fazer:
apurar os fatos, identificar os responsáveis e puni-los na forma
da lei. A saída da crise depende do fortalecimento desses valores. O Brasil não pode ser confundido com os governantes. Vivemos em uma terra maravilhosa e que foi regiamente contemplada por Deus em matéria de recursos naturais e tolerância do povo. Em qualquer outro país da América Latina, os desmandos constatados teriam detonado uma convulsão social. Os brasileiros são diferentes. Possuem uma paciência infinita e um espírito de resignação invejável. Precisamos capitalizar sobre esses traços da personalidade nacional e não abrir guerras de uns contra os outros. O momento exige a utilização da crise como alavanca de mudança - como fazem os chineses. Para tanto, nada melhor do que ultimar o que precisa ser feito para o Brasil crescer mais depressa, gerar mais empregos e garantir o progresso das pessoas. Mais especificamente esta é a hora de os integrantes dos poderes da República fazerem um esforço extra para aprovar os projetos de urgência e que já estão em pauta, tais como: (1) cortar os gastos supérfluos do governo - e há muitos; (2) utilizar as economias para aumentar os investimentos públicos, em especial em infra-estrutura; (3) reduzir os juros reais, que hoje são de 12% ou 13% para patamares civilizados de 5% ou 6%; (4) promover de uma vez por todas a reforma tributária sobre a qual tanto se falou e pouco se fez; (5) enfrentar com coragem a modernização das leis trabalhistas de modo a simplificar a burocracia e reduzir as despesas de contratação. Muitos
argumentarão que se essas mudanças não saíram
em tempos de paz, jamais sairão em tempos de crise. Penso diferente.
De um lado, há a necessidade de se apurar as contravenções
e punir os culpados. De outro, a nação adquiriu mais direitos
para exigir dos dirigentes um esforço extra, não para
alcançarem o perdão, mas, simplesmente, para cumprirem
o seu dever principal e demonstrarem, claramente, que foram eleitos
para servir o público e não se servirem da coisa pública.
Amanhã reabrem os trabalhos legislativos. É a hora exata
para os parlamentares e para o governo mostrarem que unir responsabilidade
e amor à pátria é o melhor caminho para vencermos
a atual crise. |
Folha
de São Paulo, Folha Opinião, 31 de Julho de 2005, p. A2. |
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