EMPRESAS DE IRRIGAÇÃO ELEVAM  INVESTIMENTOS EM FRUTICULTURA NO CEARÁ
Expectativa do setor é de superar em 20% o faturamento de 1999

Bruno Stéfano
 

 
O crescimento da fruticultura cearense tem atraído para o Estado o investimento de empresas de irrigação, que esperam, este ano, um faturamento médio 20% superior ao de 1999. A paulista Isratec, no Ceará há seis anos, já mantém mais de mil hectares irrigados. Segundo o diretor da empresa, Carlos Pinheiro, a Isratec faturou cerca de R$ 3,5 milhões no ano passado e investiu US$ 500 mil para irrigar 670 hectares, no Estado. Este ano, a empresa prevê um faturamento de R$ 4 milhões e estima um investimento de US$ 600 mil em equipamentos importados de Israel, para a irrigação de 800 hectares. Do total de projetos realizados pela empresa, 550 hectares estão voltados para a cultura de cajueiro anão precoce e 400 para plantações de coco. Pinheiro afirma que o maior destaque é o projeto de irrigação de 400 hectares de cajueiro anão, que realiza para a empresa Cione. Recentemente, a empresa também fechou contrato com um grupo italiano para o cultivo de 150 hectares de cajueiro, no município de Fortim - 137 quilômetros de Fortaleza. 
Outro trabalho realizado pela Isratec, desde 1998, é a plantação de 200 hectares de acerola, no município de Tianguá (450 quilômetros de Fortaleza), promovido pela norte-americana Amway Corporation. Orçado em US$ 6 milhões, o projeto inclui o plantio de várias culturas - frutas e hortaliças -, em uma área de 1,6 mil hectares, na Fazenda Amway Nutrilite do Brasil. Segundo Pinheiro, além da acerola, já foram plantados no local, 60 hectares de côco, 60 de maracujá, 45 de manga, 20 de tangerina, 12 de goiaba e 5 de hortaliças. Alguns desses produtos já estão sendo comercializados na região, como o maracujá, a manga e o côco. O carro-chefe do projeto, no entanto, é a acerola que terá mil hectares de área total, até maio do próximo ano. Pinheiro diz que essa é a maior área plantada dessa fruta, no País. De acordo com o administrador da Fazenda Amway, em Tianguá, o porto-riquenho Jesus Bravo, o objetivo da empresa é extrair a vitamina C, destinando-a para a utilização em cosméticos e suplementos alimentares, nos Estados Unidos. 
Para tanto, a Amway deverá receber do governo do Estado, além dos incentivos fiscais, a construção de uma fábrica de 2,4 mil metros quadrados, que abrigará o maquinário de extração da vitamina C. Bravo diz, no entanto, que a construção da fábrica, que deveria ser concluída em outubro, atrasou, e deverá estar pronta somente em março do próximo ano. Em razão disso, ele diz que será obrigado a enviar toda a produção de acerola - cerca de 400 toneladas - para ser beneficiada nos Estados Unidos. Outra empresa que está investindo pesado no Ceará é a israelense Netafim, que projeta um crescimento em torno de 40% sobre o faturamento de US$ 15 milhões verificado, em 1999, na região Nordeste. Desse total, a empresa prevê cerca de R$ 1,4 milhão somente no Ceará. Com fábricas em seis países e faturamento de US$ 250 milhões, em1999, a Netafim já fechou, este ano, um contrato de US$ 5,5 milhões com o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs). Segundo o supervisor regional da empresa no Ceará, Flávio Miranda, a próxima meta da empresa serão os projetos de irrigação do Tabuleiro de Russas e Baixo Acaraú - que somam 4,78 mil hectares e cujos editais serão lançados pela Secretaria da Agricultura Irrigada do Estado (Seagri), ainda este ano.
Pelos cálculos da Seagri, o Ceará deve elevar as exportações de frutas irrigadas de US$ 900 mil em 1999 para US$ 8 milhões em 2000. Um dos projetos que está sendo levado à frente pela Netafim é o de irrigação localizada na cultura de cana-de-açúcar. A primeira experiência já está funcionando há mais de um mês, na Fazenda Santa Elisa, do grupo Ypióca, no município de Paraipaba (92 quilômetros de Fortaleza) e exigiu investimentos da ordem de R$ 100 mil. O segundo projeto, está sendo implantado em 15 hectares da empresa A. Targino, que produz a cachaça Colonial. 
  

  Gazeta Mercantil Ceará - Maranhão - Piauí, 18 de julho de 2.000, p.1.