ILHA SOLTEIRA
INVESTIMENTOS EM SAÚDE DÃO AO MUNICÍPIO O MELHOR ÍNDICE DA REGIÃO E O QUARTO DO ESTADO NO RANKING DEFINIDO PELO IDH

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Criança bem tratada, cidade melhor

Município assume a maioria das despesas

Monitoramento começa no berçário

O sucesso de Ilha

 
 

Criança bem tratada, cidade melhor

Índice de evasão escolar próximo de zero. Bebês saudáveis e bem nutridos, assistidos em período integral. Continuidade de projetos sociais, entre eles o atendimento aos doentes renais crônicos e idosos.
São fatores como estes que fazem de Ilha Solteira a melhor cidade em qualidade de vida entre os 41 municípios que compõem a região administrativa de Araçatuba, de acordo com pesquisa divulgada pela secretaria de Economia e Planejamento do Estado
(dados de 70 a 96).
A posição do município no ranking é definida pelo
IDH (Indicador de Desenvolvimento Humano). A Organização das Nações Unidas (ONU) usa este indicador para aferir as condições de vida nas mais diferentes partes do planeta.
Os resultados alcaçados nos setores de saúde e educação públicas de Ilha foram os principais responsáveis pelo quarto melhor índice do estado
(0,8942), que credencia a cidade como um dos locais onde se vive mais e melhor.
Os fatores que levaram ao índice são visíveis. Um dos principais é a continuidade de projetos sociais, preservados desde que a cidade foi emancipada, em 1991.
Ilha Solteira tem o Centro de Reabilitação dos Distúrbios de Fala (Cerdif), unidade pública que desenvolve trabalho suplementar aos postos convencionais, trata mais de cem pacientes renais crônicos no próprio Hospital Municipal e fornece assitência integral e gratuita a bebês de famílias carentes.
"A qualidade de vida deve estar sustentada por um tripé formado por saúde, educação e assistência social", analisa a diretora do Departamento Municipal de Saúde, Célia Maria Rolim Bolverio. "Quando não existe harmonia e algum desses pilares não recebe a atenção devida, todo trabalho é comprometio". Providências simples, que não oneram os cofres públicos em um centavo sequer, conseguiram prevenir doenças. A única arma utilizada: a informação.
"Já chegamos a atender casos de crianças ameaçadas pela surdez simplesmente porque não recebiam o asseio adequado em relação à limpeza dos ouvidos, por exemplo", revela Célia. "Quando passamos a orientar as mães, a otite (doença infecto-contagiosa que ataca o aparelho auditivo) deixou de ser uma preocupação".
A harmonia a que Célia Maria se refere vem do monitoramento coordenado da criança. Aluno que apresenta suspeita de deficiência auditiva é encaminhado ao Cerdif, mantido integralmente pela prefeitura.
No centro, há uma equipe multidisciplinar formada por fonoaudiólogas, psicólogas e otorrinolaringologistas. Resultado: crianças mais saudáveis, com melhor desempenho escolar, e maior número de crianças da mesma idade convivendo na mesma sala de aula.
De cem alunos repetentes do ensino fundamental, que apresentavam otite média, 57 já foram recuperados e melhoraram o rendimento escolar nos últimos três anos.
De acordo com a diretora, Ana Paula Tencarte, o centro desenvolve programa de detecção precoce de alterações audiológicas em crianças de quatro a seis anos de idade.
O Cerdif ainda cede gratuitamente os aparelhos, inclusive a adultos, quando comprovada renda familiar inferior a R$ 250,00.


 

Município assume a maioria das despesas

Os resultados que credenciaram Ilha Solteira como a quarta melhor cidade paulista em qualidade de vida foram conseguidos, em maioria, através de recursos da própria administração municipal.
A prefeitura arcou, por exemplo, até agosto deste ano, com 84% da despesa com merenda escolar, ou R$ 424 mil. A secretaria estadual da Educação, com 3,1%, o correspondente a R$ 12 mil, e o Ministério da Educação (MEC), com 12,2%, ou R$ 96 mil. Diariamente, em toda rede de ensino, são servidas 11 mil refeições feitas na cozinha piloto da prefeitura.
"Os gastos são recompensadores e, apesar de não serem poucos, não descuidamos da qualidade", afirma a diretora do Departamento Municipal da Educação, Rosa Maria Pereira. "Cerca de 70% de nossos professores possuem curso superior e os demais estão fazendo a graduação".
Dificuldades também não desestimulam o setor de Saúde. Quando os R$ 0,50 por curativo repassados pelo SUS aos postos de saúde de Ilha Solteira se tornaram inviáveis, os diretores, moradores e representantes da Associação dos Diabéticos de Ilha Solteira (Ades) se uniram e arrecadaram fundos para suprir o défict. Há casos de curativos, como os realizados em pacientes diabéticos, que chegam a custar R$ 30,00.
"O SUS, aliás, não nos repassa recursos que já ultrapassam R$ 350 mil", afirma. "Seria fácil cruzar os braços e dizer que nada podemos fazer, mas não nos acomodamos e sempre buscamos soluções".


 

Monitoramento começa no berçário

Prédios limpos, organizados, cheirando a novos. Quando se entra nas unidades escolares mantidas pela prefeitura de Ilha Solteira, fica mais fácil entender os critérios definidos pelo IDH.
No centro de educação infantil (CEI), que substituem os modelos convencionais de creches, as crianças são assistidas em períodos integral.
"As creches, infelizmente, ganharam um sentido pejorativo muito forte", afirma a diretora do Departamento Municipal de Educação, Rosa Maria Foschi Pereira, ao explicar a mudança de denominação. "Quando se fala em creches, pode-se ter a impressão de depósitos onde as crianças são deixadas sem atividades essenciais para o seu desenvolvimento".
A diferença no tratamento das crianças em Ilha, no entanto, vai além de uma simples troca de nome. Os prédios que abrigam as crianças são projetados especialmente para as necessidades de cada faixa etária.
O cardápio das refeições e lanches servidos levam em conta os valores nutricionais e calóricos dos alimentos e há, em média, um monitor para cada cinco crianças assistidas.
Os bebês, em maioria integrantes de famílias cuja renda familiar não ultrapassa um salário mínimo por pessoa e filhos de mães que trabalham, ficam no berçário até começarem a andar. Desde que chegam ao CEI, contudo, já desenvolvem atividades compatíveis com a idade.
Nas salas onde permanecem as crianças maiores, até seis anos de idade, as atividades também acontecem durante o dia todo. O momento preferido da criançada é o de ouvir as histórias contadas pelos professores.
Histórias que os próprios alunos ajudam a montar e produzir. As idéias para a montagem das peças que auxiliam na narrativa saem dos livros que pegam no "cantinho literário".
Palitos de sorvete, carretéis de linha e copinhos de iorgute se transformam em árvores, insetos e tudo o mais que a imaginação permitir. "Dessa forma, a criança constrói o seu próprio conhecimento", conclui a professora Symara Fabris de Almeida.
Os resultados são melhor aferidos quando a criança ingressa no sistema de ensino, já a partir do primário. Em 1996, o índice de evasão escolar no ensino fundamental (de 1a. a 4a. série) era de 12,7% e baixou para 0,3% no ano passado. "Para este ano, a expectativa é zerar este índice", acrescenta Rosa Maria. 


 

O sucesso de Ilha


Educação pública

Evasão escolar no ensino fundamental (3,4 mil alunos)

1996

12,7%

1997

2,9%

1998

0,3%

Evasão escolar no ensino médio (1,4 mil)
1996

13%

1997

8%

1998

1,5%

44,4mil quilômetros são percorridos mesnalmente pelo sistema de transporte escolar, o que equivale a mais de uma volta no planeta.

1.031 alunos são atendidos.


Saúde

A Farmácia Municipal tem 75 ítens de medicamentos gratuitos, 35 a mais que o obrigatório pelo governo.
Das 100 crianças com otite média atendidas pelo Centro de Realibitação dos Distúrbios da Fala (Cerdif) nos últimos três anos e que repetiram de série, 57 foram recuperados e passaram de ano.
O Hospital Municial, administrado por uma associação de representantes da comunidade, como aposentados, professores e profissionais liberais, realiza de graça exames complexos, como tomografia computadorizada elicoidal e mamografia. Atende também cerca de 100 pacientes renais crônicos que realizam hemodiálise no local.

Economia
Renda per capita - R$ 3.500 à R$ 4.000 ano.
Projeto Cinturão Verde
(lotes ao redor de Ilha destinados a famílias de baixa renda, que praticam agricultura de subsistência).
Número de famílias atendidas - 150
O que tem no Cinturão Verde
câmara fria para sementes de produção agrícola, tratores e implementos agrícolas, estufas, canais de irrigação, 4,3 mil metros de rede de água tratada em 100% dos lotes e apoio técnico gratuito a Prefeitura.
Ilha Solteira
possui a maior Usina Hidrelétrica da CESP, com 3.230.000 quilowates de potência final.
A usina fica no rio Paraná, entre os Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul.

AUTOR: Marival Sérgio Corrêa
Folha da Região, Araçatuba, no. 8550, 31 de outubro de 1999, p. 13