DESENVOLVENDO COM A AGRICULTURA IRRIGADA E O AGRONEGÓCIO

Paulo Eduardo Gargantini
Fernando Braz Tangerino Hernandez


Em 2002, as receitas provenientes de exportações promoveram o ingresso de no Brasil de US$ 60,4 bilhões, enquanto gastamos com importações US$ 47,3 bilhões, produzindo um saldo positivo de 13,1 bilhões de dólares. O grande responsável pelo superávit comercial foi o agronegócio, que trouxe US$ 20,3 bilhões líquidos para o Brasil (diferença entre exportações e importações) e ajudou a limpar o déficit de outros segmentos. Neste mesmo ano, enquanto que o PIB do Brasil cresceu apenas 1,52%, na agropecuária o crescimento foi de 5,79%, representado em parte pela colheita 96,7 milhões de toneladas de grãos.
Para cada quatro reais produzidos na economia deste país, um é proveniente do complexo agroindustrial e ainda o agronegócio proporciona 37 empregos para cada grupo de cem empregados.
Toda essa importância do agronegócio, quando inserida em uma economia globalizada, exige que a agricultura nacional se adapte às novas circunstâncias e complexidades, sendo forçada a buscar a eficiência em um ambiente de competitividade aguçada, em que os produtores rurais, freqüentemente sujeitos às influências de uma nova ordem internacional, devem aperfeiçoar as técnicas, através de um sistema gerencial com o melhor aproveitamento possível dos recursos produtivos.
Dentre os recursos tecnológicos disponíveis, a técnica de irrigação, quando utilizada de forma racional, pode contribuir de forma importante para a melhoria do desempenho do agronegócio de uma região, pois ela pode ser vista como um elemento importante na diversificação agrícola e facilitadora da capitalização na agropecuária, além de possibilitar colheitas fora de época, melhoria da qualidade da produção, tudo por dar a garantia ao produtor de poder servir às plantas água no momento e na quantidade adequada.
Em 1996 estimava-se que a área irrigada brasileira equivalia a 4,8% da área plantada e representava 16% da produção agrícola total e a 35% do valor da produção, comprovando o aumento de produtividade das culturas e maior rentabilidade ao produtor. Atualmente o Brasil já conta com mais de três milhões de hectares irrigados e ainda que represente pouco mais 6% da área cultivada, é muito pouco em relação aos 30 milhões de hectares potencialmente aptos a receber equipamentos de irrigação.
Na busca incessante pela eficiência produtiva, nestes últimos anos alguns paradigmas começaram a serem quebrados e como exemplos, já podemos observar pastos irrigados, ao mesmo tempo em que registramos um aumento significativo nas exportações de frutas, cujos resultados se devem investimentos em irrigação, aliada à oferta de novos empregos.
Investimentos em irrigação, provenientes de ações tanto públicas como privadas, em função da geração de novos empregos e circulação de riquezas, pode garantir o desenvolvimento sócio-econômico de uma região, especialmente as pequenas e médias cidades, com base econômica na agropecuária, em que o desenvolvimento industrial de base tecnológica, mais parece um sonho do que realidade.
Estudos mostram que um hectare irrigado gera de 0,8 a 1,2 emprego direto e 1,0 a 1,2 indireto, de forma consistente e estável, contra 0,22 emprego direto na agricultura não irrigada, permitindo uma elevação dos níveis de renda e a conquista de melhorias das condições de vida da população rural, sendo fator importante para manutenção do homem no campo e a diminuição do êxodo rural e dos problemas sociais que causariam nos grandes centros urbanos.
A expansão da agricultura irrigada é o resultado da conscientização por parte dos agricultores dos benefícios econômicos que ela traz e também da oferta de crédito para investimentos.
Considerando que ao fecharmos o mês de maio, a produção industrial, a venda de eletrodomésticos e o PIB registraram quedas de 4,2%, 15% e 0,1%, respectivamente e ainda o desemprego registrou recorde de 20,6%, tendo apenas o setor de agronegócios em alta (+ 3,7%), um bom caminho seria os nossos administradores públicos colocarem o “pé no chão” e determinar à suas equipes que incluam em seus planejamentos a ampliação da área irrigada de seus municípios, não esquecendo que o desenvolvimento sustentável prevê que os recursos naturais sejam utilizados de tal forma que a disponibilidade não esteja limitada para as futuras gerações.
Assim, ações em que leve ao agricultor e futuro irrigante o conhecimento sobre a importância sócio-econômica da agropecuária, associativismo e quais as formas para melhor irrigar uma propriedade, quando e quanto irrigar, garantindo o uso adequado da água e da energia, seria um bom começo
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Paulo Eduardo Gargantini, Engenheiro Agrônomo e Mestrando em Sistemas de Produção na UNESP Ilha Solteira e Professor da ETE - Adamantina.
Fernando Braz Tangerino Hernandez, Engenheiro Agrônomo e Mestre em Produção Vegetal pela UNESP Jaboticabal, Doutor em Irrigação pela ESALQ-USP e Professor da Área de Hidráulica e Irrigação da UNESP Ilha Solteira.

 

Jornal Regional, Dracena, 26 de julho de 2003, p. 04
A Cidade, Ribeirão Preto, 04 de julho de 2003, p. 3A
A Tribuna da Comarca, Palmeira d'Oeste, 11 de junho de 2003, Ano III, Número 128, p. 2
A Tribuna, Jales, 15 de junho de 2003, Ano XVII, Número 760, p. A2
Jornal da Ilha, Ilha Solteira, 18 de junho de 2003, Ano VII, Número 613, p. A02
Folha do Sudoeste, Jataí - GO, 19 a 25 de junho de 2003, Ano XXI, nº 708.



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