Em
2002, as receitas provenientes de exportações promoveram o ingresso
de no Brasil de US$ 60,4 bilhões, enquanto gastamos com importações
US$ 47,3 bilhões, produzindo um saldo positivo de 13,1 bilhões de dólares.
O grande responsável pelo superávit comercial foi o agronegócio, que
trouxe US$ 20,3 bilhões líquidos para o Brasil (diferença entre exportações
e importações) e ajudou a limpar o déficit de outros segmentos. Neste
mesmo ano, enquanto que o PIB do Brasil cresceu apenas 1,52%, na agropecuária
o crescimento foi de 5,79%, representado em parte pela colheita 96,7
milhões de toneladas de grãos.
Para cada quatro reais produzidos na economia deste país, um é proveniente
do complexo agroindustrial e ainda o agronegócio proporciona 37 empregos
para cada grupo de cem empregados.
Toda essa importância do agronegócio, quando inserida em uma economia
globalizada, exige que a agricultura nacional se adapte às novas circunstâncias
e complexidades, sendo forçada a buscar a eficiência em um ambiente
de competitividade aguçada, em que os produtores rurais, freqüentemente
sujeitos às influências de uma nova ordem internacional, devem aperfeiçoar
as técnicas, através de um sistema gerencial com o melhor aproveitamento
possível dos recursos produtivos.
Dentre os recursos tecnológicos disponíveis, a técnica de irrigação,
quando utilizada de forma racional, pode contribuir de forma importante
para a melhoria do desempenho do agronegócio de uma região, pois ela
pode ser vista como um elemento importante na diversificação agrícola
e facilitadora da capitalização na agropecuária, além de possibilitar
colheitas fora de época, melhoria da qualidade da produção, tudo por
dar a garantia ao produtor de poder servir às plantas água no momento
e na quantidade adequada.
Em 1996 estimava-se que a área irrigada brasileira equivalia a 4,8%
da área plantada e representava 16% da produção agrícola total e a 35%
do valor da produção, comprovando o aumento de produtividade das culturas
e maior rentabilidade ao produtor. Atualmente o Brasil já conta com
mais de três milhões de hectares irrigados e ainda que represente pouco
mais 6% da área cultivada, é muito pouco em relação aos 30 milhões de
hectares potencialmente aptos a receber equipamentos de irrigação.
Na busca incessante pela eficiência produtiva, nestes últimos anos alguns
paradigmas começaram a serem quebrados e como exemplos, já podemos observar
pastos irrigados, ao mesmo tempo em que registramos um aumento significativo
nas exportações de frutas, cujos resultados se devem investimentos em
irrigação, aliada à oferta de novos empregos.
Investimentos em irrigação, provenientes de ações tanto públicas como
privadas, em função da geração de novos empregos e circulação de riquezas,
pode garantir o desenvolvimento sócio-econômico de uma região, especialmente
as pequenas e médias cidades, com base econômica na agropecuária, em
que o desenvolvimento industrial de base tecnológica, mais parece um
sonho do que realidade.
Estudos mostram que um hectare irrigado gera de 0,8 a 1,2 emprego direto
e 1,0 a 1,2 indireto, de forma consistente e estável, contra 0,22 emprego
direto na agricultura não irrigada, permitindo uma elevação dos níveis
de renda e a conquista de melhorias das condições de vida da população
rural, sendo fator importante para manutenção do homem no campo e a
diminuição do êxodo rural e dos problemas sociais que causariam nos
grandes centros urbanos.
A expansão da agricultura irrigada é o resultado da conscientização
por parte dos agricultores dos benefícios econômicos que ela traz e
também da oferta de crédito para investimentos.
Considerando que ao fecharmos o mês de maio, a produção industrial,
a venda de eletrodomésticos e o PIB registraram quedas de 4,2%, 15%
e 0,1%, respectivamente e ainda o desemprego registrou recorde de 20,6%,
tendo apenas o setor de agronegócios em alta (+ 3,7%), um bom caminho
seria os nossos administradores públicos colocarem o “pé no chão” e
determinar à suas equipes que incluam em seus planejamentos a ampliação
da área irrigada de seus municípios, não esquecendo que o desenvolvimento
sustentável prevê que os recursos naturais sejam utilizados de tal forma
que a disponibilidade não esteja limitada para as futuras gerações.
Assim, ações em que leve ao agricultor e futuro irrigante o conhecimento
sobre a importância sócio-econômica da agropecuária, associativismo
e quais as formas para melhor irrigar uma propriedade, quando e quanto
irrigar, garantindo o uso adequado da água e da energia, seria um bom
começo.
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Paulo
Eduardo Gargantini, Engenheiro Agrônomo e Mestrando em Sistemas
de Produção na UNESP
Ilha Solteira e Professor da ETE - Adamantina.
Fernando Braz Tangerino
Hernandez, Engenheiro Agrônomo e Mestre em Produção
Vegetal pela UNESP Jaboticabal, Doutor em Irrigação pela
ESALQ-USP e Professor da Área
de Hidráulica e Irrigação da UNESP Ilha Solteira.
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Jornal
Regional, Dracena, 26 de julho de 2003, p. 04
A Cidade, Ribeirão Preto, 04 de julho de 2003, p. 3A
A Tribuna da Comarca, Palmeira d'Oeste, 11 de junho de 2003, Ano III,
Número 128, p. 2
A Tribuna, Jales, 15 de junho de 2003, Ano XVII, Número 760,
p. A2
Jornal da Ilha, Ilha Solteira, 18 de junho de 2003, Ano VII, Número
613, p. A02
Folha do Sudoeste, Jataí - GO, 19 a 25 de junho de 2003, Ano
XXI, nº 708.
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