Em apenas 24 horas,
nada menos do que 263 produtores de frutas de Jales apresentaram extratos
de saldos de suas dívidas vencidas junto ao Banespa e Banco do
Brasil.
Segundo informações obtidas pelo JORNAL DE JALES, o valor
de tais débitos é de aproximadamente R$ 15 milhões.
Os documentos serão levados pelo prefeito José Carlos
Guisso ao Ministério da Agricultura na próxima quarta-feira,
dia 11. A esperança é que a dívida seja enquadrada
nos limites
do Programa de Desenvolvimento da Fruticultura, conforme promessa do
ministro Pratini de Morais, no encontro realizado em Jales dia 23 de
junho. O Pró-Frutas prioriza pequenos e médios produtores
com carência de 3 anos e prazo de pagamento de 6 anos, com juros
de 8,75% ao ano.
O valor do débito dos fruticultores não assusta o secretário
municipal da Agricultura, Luís Carlos Floriano da Silva, pois,
segundo estimativas, só os produtores de uvas deverão
comercializar R$ 26 milhões que, somados aos outros segmentos,
deverão movimentar em torno de R$ 70 milhões nesta safra.
CONTEXTO (Deonel Rosa Júnior)
EM APENAS 24 HORAS,
263 produtores apresentaram-se à Secretaria Municipal de Agricultura
com extratos bancários contendo o saldo devedor de cada um referente
a financiamentos de crédito
rural nas agência locais do Banespa e Banco do Brasil. DE POSSE
destes números, o prefeito José Carlos Guisso deverá
encaminhá-los ao Ministério da Agricultura, entregando-os
aos cuidados do diretor do Programa Nacional de Fruticultura, Afonso
Hann, homem da absoluta confiança do
ministro Pratini de Morais.
O ENCONTRO entre o prefeito e a cúpula do ministério,
em princípio agendado para dia 4, foi transferido para a próxima
quarta-feira, dia 11. Conforme prometeu em Jales, o ministro Pratini
de Morais e seus assessores vão estudar, caso a caso, o problema
de endividamento dos
fruticultores, enquandrando-os no Pró-Frutas.
A LEITURA que se faz desta rapidíssima entrega de saldos devedores
dos produtores, mobilizados unicamente por uma matéria publicada
neste jornal na edição de domingo, dia 1º, e por
entrevistas dadas no rádio pelo secretário municipal da
Agricultura, Luís Floriano na segunda-feira, , é a de
que,
agora que a onça está morta, meio mundo se apresenta para
tirar foto com o pé em cima dela.
NÃO DÁ para pensar de outra forma quando se vê a
diferença de comportamento dos fruticultores em uma situação
e outra: o baixo comparecimento no encontro com o ministro , no dia
23, e a verdadeira corrida aos bancos, no início desta semana,
para se enquadrarem nos benefícios pretendidos.
DOS QUASE três mil produtores de frutas da região de Jales,
compareceram à reunião do dia 23 , no máximo, 50
gatos pingados. A Câmara estava lotada sim, mas de lideranças
políticas e comunitárias dos municípios da região.
Os verdadeiros interessados, muitos dos quais com a corda no pescoço
cada vez mais apertada pelos bancos, não se dignaram a comparecer,
acreditando, talvez, que o
encontro não iria dar em nada.
NENHUM ARGUMENTO será suficiente para explicar o baixo quorum
de produtores no encontro com o ministro, realizado em um sábado
de manhã. É difícil acreditar que os diretamente
interessados
não pudessem dedicar duas ou três horas de seu dia para
prestigiar um movimento que poderia lhes ser, como tudo indica que será,
amplamente favorável.
OS BONS RESULTADOS obtidos com a movimentação das lideranças
devem servir de lição aos produtores de frutas da região,
que vivem reclamando da pressão dos bancos, dos baixos preços
praticados no mercado interno mas que, quando chamados para cuidar dos
próprios interesses, omitem-se, jogam a toalha. A prosperidade
dos produtores de frutas de Petrolina, em Pernambuco, cantada em prosa
e verso até aqui na região, tem a ver, além do
avanço tecnológico, com
a disposição deles para a luta em todos os campos, inclusive
no político-institucional.
Jornal de Jales, nº 1905, 08 de julho
de 2001
|