CAPACIDADE DOS PRODUTORES,
UM FATO A CONSIDERAR


   
Localizada no extremo noroeste do Estado de São Paulo, servida por belas rodovias, aeroportos, ferrovias, hidrovia Tietê-Paraná e Ponte Rodo-ferroviária.
A qualidade de nossas terras, clima favorável, a extratificação fundiária predominantemente de pequenas propriedades, ainda com características de trabalho familiar, nos permite um cultivo planejado com possibilidade de plantio o ano todo e colheitas em períodos de entre-safra, com possibilidades de melhores remunerações ao setor do agronegócio.
Mesmo com as qualidades acima descritas, encontramos a cada ano que passa, maiores lamentos em todos os setores de agronegócio.
Não podemos ignorar que vivemos num contexto em que predomina a desregulamentação da economia e sua integração em blocos econômicos, neste processo de globalização com o surgimento do Mercado Comum do Cone Sul (Mercosul), que nos obriga a buscar um modelo de desenvolvimento que contemple a geração de empregos, visando a conteção do êxodo rural, preparar o setor para competividade à economia mundial e a proteção aos recursos naturais.
Não podemos condenar o pequeno produtor a permanecer marginalizado no processo de desenvolvimento, sabendo que apenas o auxílio ao ato de produzir o colocará cada vez mais dependente neste jogo econômico.
A organização do sistema produtivo é função do Estado e tarefa inerente ao planejamento, devendo ter um tratamento regional.
Os investimentos têm sido, até os dias de hoje, orientados primordialmente ao financiamento da produção e aquisição de insumos. Tal política tem como consequência uma superprodução desestimulando o setor.
"Estamos acostumados a pensar no capital como fator de produção escasso e na sua transferência como instrumento fundamental de crescimento. O conhecimento é agora tão, se não mais, importante fator no desenvolvimento e esta situação tende a intensificar-se. No próximo século, a aplicação e acumulação do conhecimento dirigirão os processos de desenvolvimento e a redução da probreza. Mas existem riscos significativos de incrementar as desigualdades entre e dentro das nações".
James D. Wolfensohn - Presidente do Banco Mundial. 17 de março de 1997.
Desnecessário dizer da capacidade empreendedora de nossos produtores rurais. Basta olharmos que em tão pouco espaço de tempo, transformamos uma região produtora de café e alimento básico em produtora de frutas. O desenvolvimento da citricultura, viticultura e a implantação dos anonáceas, demonstram a  superioridade do conhecimento sobre o capital em consonância com o enunciado pelo presidente do Banco Mundial, instituição cuja função é exatamente outorgar créditos para o desenvolvimento.
Neste contexto, se torna imperativo o apoio do Estado no sentido de promover a discussão, coordenando a elaboração de um Plano Regional de Desenvolvimento para garantir o estabelecimento de Programas de médio e longo prazo, reduzindo assim o imedialismo das ações, tão característicos do setor agropecuário.
Acreditamos que só terão êxito os produtores que detenham profundo conhecimento técnico e gerencial e que estejam organizados, que consigam reduzir os elos das cadeias de intermediação seja na comercialização de seus produtos ou na aquisição de insumos.
Fica então como desafio a análise de duas comparações sugeridas por Polan Lacki em março de 2000.
a) os preços pelos quais os fabricantes vendem os insumos com os preços que os produtores pagam pelos mesmos;
b) os preços que os agricultores recebem ao vender as suas colheitas com os preços que os consumidores pagam por elas nos supermercados.
A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, através da Cati Regional Jales, vem trazendo conhecimento ao setor do agronegócio, desenvolvendo atividades de extensão rural, como por exemplo, Programa Estadual de Microbacias Hidrográficas, acreditando sempre no conhecimento como instrumento imprescindível para o desenvolvimento regional.

José Carlos Rossetti (Engenheiro Agrônomo e Diretor Técnico da Cati Regional de Jales)
Jornal de Jales - 15 de abril de 2000 - p. 3-11