DESENVOLVIMENTO REGIONAL DA ALTA PAULISTA

 


Até pouco tempo víamos nenhuma perspectiva de reversão do quadro de declínio da Alta Paulista como um todo, já injustamente denominada "Corredor da Fome".
As mazelas que todos conhecemos - cafeicultura se acabando, êxodo rural, proprietários descapitalizados e produção em decadência - ofereciam-nos um quadro aparentemente irreversível de pauperização da região, a começar pela zona rural. Graças, contudo, ao descortínio e arrojo de alguns produtores rurais mais esclarecidos, que viram na diversificação de culturas uma saída para o impasse, o quadro começou a mudar.
Podemos dizer, salvo melhor juízo, que tudo começou em Tupi Paulista com a plantação de pimenta-do-reino, urucum, uvas e similares, que de imediato requereram que se levasse a técnica ao campo. Levar a técnica ao campo. Eis a chave da questão. Hoje Junqueirópolis já apresenta uma fruticultura apreciável maracujá, uva, acerola, pimenta, que já mereceram as atenções de jornais como A Folha de São Paulo e O Estado de São Paulo.
Possui também em atividade, embora às duras penas, o Projeto Volta ao Campo, do SEBRAE, que está levando ao campo o que o campo mais necessita: a técnica e a assistência para aumentar a produtividade. E uma associação agrícola realmente atuante.
Adamantina possui quase cinquenta alqueires de goiaba e uma Estação Experimental Agrícola para produção de mudas de qualidade e desenvolvimento de pequisas.
Dracena apresenta o projeto agrícola do bairro Marrequinha, cuja a finalidade é dar sustentação na cultura da mandioca, no cultivo de frutas e na criação de corte. A região conta com uma firma que atua na venda e na consultoria agrícola nas áreas de Irrigação e Cultivo Protegido, a IRRIGOESTE, que tem sido muito procurada pelos produtores rurais interessados em modernizar seus processos de produção através da irrigação e do uso de estufas.
Todos esses fatores somados dizem-nos que algo está vivo e mexendo-se no seio agrícola da Alta Paulista. Mas a promessa maior de incremento de tudo isso e de desenvolvimento da nossa região reside na possibilidade acenada em recente reunião de Prefeitos na cidade de Adamantina de se elaborar e aprovar um projeto global de desenvolvimento regional da Nova Alta Paulista, custeado por dinheiro internacional.
Ao invés de ações pontuais, um grande projeto como os pólos turísticos do Nordeste, o pólo irrigado de Pernambuco e outros projetos que têm beneficiado mais aquela região por força do trabalho conjunto de suas prefeituras e instituições.
Desassoreamento dos rios para viabilizar a irrigação, recomposição da mata ciliar, recuperação do solo através de microbacias e técnicas de manejo, calagem e adubação, irrigação, um hospital regional, tratamento do lixo a nível regional, desenvolvimento do pólo cerâmico de Panorama, podem transformar-se de sonho em realidade se os Prefeitos da região, esquecendo-se da duração de seus mandatos, peitarem o desafio de elaborar e executar um grande projeto regional de desenvolvimento.
Dinheiro Internacional - Banco Interamericano de Desenvolvimento, Fundo Nakasone, Banco Mundial - existe e muito. Depende de projetos globais que sejam suficientemente bons para obterem aprovação dessas entidades. São cerca de 600 milhões de dólares bailando no cenário internacional, a fundo perdido ou com financiamentos a longo prazo a juros internacionais, clamando por bons projetos para aterrissarem no Brasil e na região.
Essa é a oportunidade de reverter o processo e viabilizar o desenvolvimento da Nova Alta Paulista como um todo, descobrindo-se a vocação econômica da região que, pelo clima e pelo solo, pode perfeitamente ser a fruticultura - o Mercosul está ai, na boca da Alta Paulista, através do porto de Panorama, precisando de nossas frutas e de nossas hortaliças - ou a pecuária leite/corte, dentre outras atividades subsidiárias. Portanto, mãos à obra.

 
Jornal Regional, Dracena - SP, Ano VII, nº 1102, 07 de Julho de 1995, p. 2
Jornal O Imparcial, Presidente Prudente, 05 de Julho de 1995, p. 3A



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