A
região da Nova Alta Paulista vem convivendo nos últimos
anos com índices cada vez maiores de desemprego e êxodo
rural. A situação atual nada faz lembrar os gloriosos
tempos em que a região gozava da fartura proporcionada pelas
lavouras de café. Junqueirópolis chegou a se orgulhar
de ter um dos melhores cafezais do estado. Muitos conhecem a fazenda
Morro Grande, marco da entrada na região altamente tecnificada
para a época, fruto do esforço do engenheiro agrônomo
Hélio Russo e do advogado Sérgio Prado Gallupo.
Agora a situação se inverte, a riqueza e a esperança
do passado contrastam com o nematóide, o preço e a baixa
produtividade do café , fazendo com que a região gere
apenas 0,65% do ICMS gerado no estado. Fatos como esses preocupam a
todos e aqui gostaríamos de fazer alguns comentários a
fim de proporcionar nossa modesta contribuição no sentido
de atentar nossas autoridades para a possibilidade da reversão
do quadro atual.
A India, país de imensa população, foi duramente
castigada pela fome nas décadas de 50 e 60. Anos mais tarde conseguiu
resolver seus problemas referentes à produção de
alimentos, a ponto de atualmente participar do mercado internacional
como exportadora de produtos agrícolas. Agora mais perto, certas
regiões nordestinas se tornaram verdadeiros oásis dentro
do sertão. Já neste estado, Guaíra goza de uma
agricultura altamente tecnificada e Jales se prepara para a exportação
de uva. Todos esses casos têm em comum a irrigação.
Todos esses exemplos, mesmo superficialmente, encerram uma lição,
o uso da irrigação resolveru grande parte dos problemas
enfrentados nessas regiões. Desde que adequadamente alicerçada
em bases científicas e tecológicas, ela surge como um
excelente instrumento na elevação da renda e geração
de empregos no meio rural, com o consequente desenvolvimento regional.
A região da Nova Alta Paulista, que se encontra organizada através
da AMNAP, possui condições adequadas de solo e topografia,
clima sem restrições (inclusive com um inverno ameno)
e principalmente o predomínio de propriedades de pequeno e médio
porte. Essas condições podem levar ao desenvolvimento
de uma agricultura irrigada sem grande despêndio financeiro, desde
que as lavouras de alta rentabilidade por área sejam implantadas,
como por exemplo a fruticultura onde a uva, a goiaba, a manga, o abacaxi,
o melão e a melancia, entre outras, assumem destaque. O incentivo
para a implantação de estufas para se produzir hortaliças
também deve ser considerado.
Propriedades maiores também podem se dedicar à produção
de leguminosas e cereais, como o feijão, o milho e o arroz, agora
sob a irrigação de equipamentos de maior porte. Recentemente
tivemos a informação, em uma reunião em Guaíra,
que um único banco estaria financiando do iníco de 1993
até esta data nada menos do que 21 equipamentos de irrigação
do tipo pivô central, que somados aos 170 existentes, qualificam
o município como o de maior área irrigada do estado.
A Secretaria Estadual da Agricultura determinou a formação
da Câmara Setorial de Agricultura Irrigada, que tem como função
a expansão e a melhoria da agricultura irrigada no estado e que
sem dúvida pode e deverá dar uma excelente contribuição
para o desenvolvimento e modernização agrícola
paulista. Vale ressaltar, contudo, que o êxito de um programa
de desenvolvimento regional alicerçado na irrigação
depende, de forma direta, da geração e/ou adaptação
imediata de tecnologias aplicáveis a agricultura irrigada, lembrando
a todos os envolvidos com irrigação, sejam planejadores,
extensionistas, cooperativas e mesmo os produtores, que a agricultura
irrigada é uma atividade intensiva, dinâmica e, como tal,
requer uma programação e uma administração
bem organizada e bem planejada, devendo ser capaz de pagar os investimentos
realizados, dar lucros e sobretudo melhora o padrão de vida da
população rural. |