A água é um recurso natural insubstituível para
a manutenção da vida saudável e bem estar do homem,
além de garantir auto-suficiência econômica da propriedade
rural. Nas últimas décadas, o desmatamento de encostas
e das matas ciliares além do uso inadequado dos solos, vêm
contribuindo para a diminuição da quantidade e qualidade
da água.
Para a recuperação e preservação das nascentes
e mananciais em propriedades rurais, pode-se adotar algumas medidas
de proteção do solo e da vegetação que englobam
desde a eliminação das práticas de queimadas até
o enriquecimento das matas nativas. Conheça algumas delas, já
praticadas por alguns produtores rurais que podem valorizar suas terras.
Conservação
do Solo
Plantio em curva de nível: é uma técnica de conservação
do solo e da água, excelente para o cultivo em morros e terrenos
acidentados. Neste tipo de plantio, cada linha de plantas forma uma
barreira diminuindo a velocidade da enxurrada.
Evitar queimadas pois estas, causam sérios danos às florestas
e outros tipos de vegetação deixando o solo descoberto
e matando os microrganismos e a vida do solo. Este solo sem proteção
da cobertura vegetal pode ficar endurecido pela ação das
gotas da chuva, o que irá reduzir a velocidade e quantidade de
infiltração da água, além de favorecer as
enxurradas.
Plantio em consórcio, intercalando faixas com plantas de crescimento
denso com faixas de plantas que oferecem menor proteção
ao solo. As faixas com plantas de crescimento denso têm a função
de amortecer a velocidade das águas da enxurrada permitindo uma
maior infiltração de água no solo.
Fazer uso dos restos culturais (palhada). Esse material, também
chamado de matéria orgânica, quando apodrece favorece os
organismos que vivem na terra melhorando as condições
de infiltração e armazenamento de água no solo,
além de diminuir o impacto das gotas de chuva sobre a superfície.
Uso
de Defensivos
O uso excessivo e descontrolado de defensivos agrícolas nas lavouras
são grandes agentes de contaminação do solo e da
água, principalmente do lençol freático. Por isso
seu uso dever ser controlado e feito sob a orientação
de um técnico responsável.
Deve-se construir locais apropriados para o descarte das embalagens,
que jamais devem ser jogadas em rios e córregos ou junto ao lixo
comum da fazenda.
Cercamento
de Nascentes
Construção de cercas, fechando a área da nascente,
num raio de 30 a 50 metros a partir do olho d’água: evita
a entrada dos animais e por conseguinte o pisoteio e compactação
do solo.
Manutenção do asseio, ou seja a limpeza em volta da cerca
para evitar que o fogo, em caso de incêndio, atinja a área
de nascente.
Enriquecimento
da Vegetação
A vegetação em torno das nascentes funciona como barreira
viva na contenção da água proveniente das enxurradas.
Deve-se priorizar espécies nativas da região que geralmente
são divididas em pioneiras e clímax.
Guapuruvu, bracatinga, orelha-de-negro, amoreira, pitanga, alecrim e
sibipiruna são exemplos de espécies pioneiras, ou seja
de ciclo de crescimento rápido que produzem uma grande quantidade
de sementes, facilitando assim a renovação natural da
área plantada, já que possuem duração máxima
de 20 anos. Exigem muita luz solar e servem para fazer sombreamento
para as espécies clímax.
Recomenda-se que as covas das espécies pioneiras devam ser feitas
em ziguezague, proporcionando uma cobertura vegetal mais ampla. O plantio
das mudas pode obedecer um espaçamento padrão de 3m x
3 m.
Óleo de copaíba, ipê, peroba, acácia, paineira,
jacarandá, cedro, pau-brasil, angico, pau-de jacaré, pau-ferro,
entre outras, são exemplos de espécies de clímax,
de desenvolvimento mais lento, que necessitam do sombreamento das espécies
pioneiras para se desenvolverem. Produzem sementes e frutos e possuem
vida média de 100 anos.
A mata ciliar não deve ser plantada em cima da nascente. Deve-se
respeitar um espaço mínimo de 30 metros de distância.
A renovação da vegetação junto à
nascente deve acontecer de maneira natural.
Outras
Medidas
Construção de fossas assépticas nas residências
rurais, evitando o lançamento de esgotos nas águas da
propriedade.
Construção de fossas para os rejeitos animais, principalmente
no caso de criação de suínos..
Construção de cochos para abastecimento de água
para o gado ao longo da propriedade, evitando o trânsito de animais
junto às nascentes e córregos.
Prof.
Dr. Sérgio Luís de Carvalho
Departamento de Biologia e Zootecnia da UNESP - Solteira
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