Historicamente a agricultura e a pecuária no Brasil, têm suas atividades produtivas executadas separadamente, ou seja, não costumam ocorrer simultaneamente, quase sem nenhum sincronismo. Essa prática, ao longo dos anos, contribuiu para acelerar o processo de degradação tanto das áreas de pastagens como áreas de lavouras.
Frente a essa realidade, a integração agricultura pecuária consiste em uma alternativa promissora da produção, favorecendo ao aumento da eficiência de utilização de recursos naturais e a preservação do meio ambiente, além de trazer vantagens sociais e econômicas, como aumento da ainda a oferta de forragem para o período seco do ano e formação de palhada para o Sistema de Plantio Direto, além de resultar em incrementos e aumento da estabilidade de renda do produtor.
Podemos analisar a importância da integração agricultura pecuária através de vários fatores, um deles é a redução dos custos da estabelecimentos e reforma de pastagens, sendo um dos principais motivos pelo qual a agricultura deve ser associada à pecuária.
Isto não é novo, pois a formação das pastagens após a abertura dos cerrados foi, inicialmente, precedida de culturas anuais. Porém, esta prática não teve a periodicidade e alternância necessária para evitar a degradação do solo.
Agora a novidade é a combinação do Sistema de Plantio Direto com integração e, principalmente, com a rotação lavoura/pastagem. Esse sistema apresenta seus benefícios em áreas onde se associem culturas agrícolas anuais com pastagens e a presença de animais em pastejo. Com os novos conhecimentos em fertilidade do solo e plantas daninhas, tornou-se possível à semeadura de culturas, como soja e milho, sobre pastagens dessecadas, sem preparo de solo. A pastagem contribuiu com a palha e, além de manter o solo coberto, permite que ocorra a adição e aumento no teor de matéria orgânica no solo.
As vantagens que a consolidação da prática de integração lavoura-pecuária proporcionaria aos sistemas produtivos brasileiros da agropecuária brasileira são: aumento da produção de grãos; aumento da produção de carne e leite; redução dos custos de produção; controle de pragas, doenças e plantas daninhas; recuperação da fertilidade do solo com a lavoura em áreas de pastagens degradadas; permite a formação de palhada e com boa persistência; diversificação de culturas favorecendo rotação; incremento de novas áreas de pastagem no sistema integração e diminuir a necessidade de novos desmatamentos; aumento da eficiência de utilização de fertilizantes e corretivos; proporciona mais estabilidade de renda ao produtor.
Quando comparamos a área de pastagens no Brasil, que está em torno de 220 milhões de hectares, abrigando um rebanho de 170 milhões de cabeças, com a área da agricultura de grãos, que soma apenas 40 milhões de hectares, produzindo por volta de mais ou menos 120 milhões de toneladas, é possível imaginar o potencial de produção de carne, leite e grãos neste sistema de integração agricultura pecuária. Neste contexto a Embrapa arroz e feijão encaminhou ao governo proposta para a criação de um programa de integração entre lavouras e rebanhos na região de cerrado. A proposta busca a recuperação de cerca de 2 milhões de hectares de pastagens degradadas para a produção de carne e leite.
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Jornal da Unesp, Infoagro, Ano 2, Nº 7, Setembro de 2004, p. 02 |