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EXCESSO DE FERRO NA ÁGUA AFETA A IRRIGAÇÃO
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Estudo constata que mau uso do solo contamina córrego e pode entupir sistemas que regam lavouras
Córrego do Coqueiro: maior volume de partículas metálicas perto de propriedades rurais
Um estudo de caso no Córrego do Coqueiro, afluente do Rio São José dos Dourados, no extremo noroeste do estado, verificou como o mau uso do solo degrada a qualidade da água, ameaçando a agricultura irrigada. A grande concentração de ferro e de outros sólidos atinge índices que podem levar ao entupimento dos sistemas que regam as lavouras, gerando prejuízos ao produtor.
O trabalho foi realizado durante a dissertação de Gustavo Cavalari Barboza, mestre em Agronomia pela Faculdade de Engenharia (FEIS), Câmpus de Ilha Solteira. A investigação foi desenvolvida no Laboratório de Hidráulica da unidade, coordenado pelo professor Fernando Braz Tangerino Hernandez.
Ao todo, foram 34 coletas, retiradas periodicamente de 2007 a 2009, em cinco diferentes pontos do córrego. O pesquisador usou um índice que que estabelece que, quando há mais de 1,5 mg de ferro por litro de água, o risco para os sistemas de irrigação é alto. Um estudo de 1998, do qual participou o professor Tangerino, sugere que a vazão já fica comprometida a partir de 0,5 mg.
A maior parte das amostras tinha níveis de ferro acima de 1,5 mg por litro. O ponto de coleta na nascente do córrego apresentou, em média, os valores mais altos de partículas metálicas e sólidas devido à proximidade com propriedades rurais e zonas urbanas. Ao ocupar essas regiões, as pessoas retiraram a vegetação que margeava o córrego. Sem a mata, a chuva arrasta muito mais propriedades do solo para a água.
"Os agricultores locais também não se preocuparam em fazer curvas de nível, um recurso indispensável para reduzir a vazão de enxurradas", afirma o especialista. Essa técnica observa os níveis de altitude de cada parte do terreno e cria espécies de sulcos na terra, por onde a água se infiltra.
A pesdquisa também constatou a alta concentração de coliformes fecais na foz do córrego. Segundo o pesquisador, essa área costuma ter maior presença de impurezas porque, como trecho final de córregos e rios, acumula toda a poluição lançada ao longo do seu curso.
Barboza avaliou ainda outros indicadores de qualidade, como o pH, unidade de medida de acidez ou alcalinidade; dureza, que é a porcentagem de cálcio e magnésio; turbidez; temperatura; condutividade elétrica; e níveis de oxigênio. Esses itens apresentaram resultados normais.
Cínthia Leone, Jornal da UNESP, abril de 2011, Ano XXII, Número 265, página 5.
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