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Água sob medida na agricultura
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Acadêmico dos EUA discute irrigação e perda hídrica pela evaporação e transpiração das plantas

Professor da Universidade de Idaho (EUA), Richard Allen é um dos maiores especialistas em evapotranspiração, a perda de água pela evaporação do solo e transpiração das plantas. Para mensurar esse fenômeno, ele desenvolveu o método Metric, que faz uso de imagens de satélite. 

Allen, que é autor do  Manual 56 da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) sobre demanda hídrica e culturas agrícolas, visitou a Faculdade de Engenharia, Câmpus de Ilha Solteira, de 23 a 26 de junho. Nesta entrevista, ele discute a importância de se medir a evapotranspiração e incrementar a irrigação agrícola.  (Fernando Braz Tangerino Hernandez)


Jornal Unesp: Muitos agricultores acreditam que basta regar a plantação para obter uma boa colheita. O que há de errado nessa ideia?

Richard Allen: Isso depende da medida em que o solo é “molhado”. Alguns sistemas de irrigação por gotejamento bem-sucedidos funcionam todos os dias ou até várias vezes por dia, com pequenas doses de água por vez. O importante é que um volume suficiente de água penetre no solo para repor a evaporação e a transpiração das plantas.


JU: Como a evapotranspiração pode ser medida?

Allen: O índice de evapotranspiração (ET) é determinado pela quantidade de “energia” disponível no ambiente para converter água em vapor. Usamos equações ou modelos matemáticos para estimar a ET, a partir de dados climáticos e da descrição da vegetação.


JU: Você pode mencionar as opções para medir a evapotranspiração?

Allen: Os métodos que podem ser usados são: a) Eddy covariance, no qual um anemômetro sônico tridimensional e um sensor infravermelho de resposta rápida medem a variação de calor e vapor; b) Sistemas de Razão de Bowen, que medem a radiação do sol e do céu e o fluxo de calor na terra; c) Lisímetros, que são grandes tanques enterrados no chão, pesados a certos intervalos; d) Sensoriamento remoto por satélite (o trabalho que eu faço), que recorre ao que nós chamamos de “balanço de energia”. Estimamos a ET avaliando a radiação do céu e do sol, depois o calor que penetrou na terra e, em seguida, o calor transferido dela para o ar; e) Sapflow, em que o movimento da água no tronco da árvore é medido para estimar o total de transpiração.


JU: No Brasil e, em especial, no noroeste do Estado de São Paulo, há disponibilidade de técnicas para medir evapotranspiração em grandes plantações?

Allen:  O cálculo da evapotranspiração é feito usualmente por pesquisadores, que têm preparo sobre o processo de evaporação e sobre sensores eletrônicos. Eu não prevejo a realização de medições em grandes plantações enquanto não tivermos redução dos custos dos sensores e das exigências operacionais.


JU: O método Metric tem sido usado nos EUA para resolver conflitos sobre água entre os Estados. Ele poderia ser usado no Brasil para analisar o assoreamento de lagos e rios?

Allen: O Metric usa o recurso do “balanço de energia” para estimar a evapotranspiração. Não pretende avaliar problemas de assoreamento. No entanto, as imagens de satélite usadas nesse método podem servir para estimar a turbidez e os sedimentos na água.


JU: O senhor visitou a  Unesp pela primeira vez. Como avalia a infraestrutura do câmpus para atividades de pesquisa e extensão?

Allen: Fiquei impressionado com o “nível de energia” da faculdade e dos alunos. Eles estão bem conscientes da literatura internacional e usam conhecimento avançado para dar sustentação e guiar seus programas. E se comunicam bem com produtores e agricultores, o que ajuda muito na pesquisa e na extensão.


JU: Como o senhor vê o desenvolvimento da irrigação no Brasil?

Allen: O Brasil pode tirar vantagem da irrigação para aumentar a produção das lavouras onde há longos períodos secos ao longo do ano, ou falta de água por anos de baixo nível de chuvas. O país deveria evitar os erros dos Estados Unidos e Divulgação outros lugares, em que a irrigação se expandiu em bacias hidrográficas com pouca água excedente. Isso causou o declínio dos lençóis freáticos e provocou muita “tensão” sobre a água de superfície.

 

Jornal da UNESP, São Paulo, novembro de 2011, pág 03 e on line


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
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