O
desafio é evitar a proliferação |
Responsáveis
pela maior parte dos danos causados às florestas destinadas
à extração de madeira nos países do hemisfério
norte, os besouros da família dos Scolytidae matam árvores
e depreciam o valor dos troncos exportados pelas companhias florestais.
Para prestar informações sobre o desenvolvimento desses
insetos no Brasil, o entomologista Carlos
Alberto Hector Flechtmann, docente do Departamento
de Fitossanidade, Engenharia Rural e Solos da Faculdade de Engenharia
(FEIS) da UNESP, campus de Ilha Solteira,
foi convidado para participar da 50ª edição do
congresso anual da Entomological Society of America, que aconteceu,
em novembro último, na cidade de Fort Lauderdale, Flórida,
EUA.
Durante o evento, um dos mais importantes do mundo na discussão
de temas relacionados ao estudo de insetos, ocorreu o simpósio
Forest Pest Management: Developing Tools to Solve the Challenges of
Tomorrow, no qual ministrou a palestra Scolytidae in Brazilian Forest
Plantations: Overview and Current Status With Emphasis on Recent Research
Efforts. Flechtmann, considerado um dos principais especialistas sul-americanos
em pragas florestais, apresentou um histórico das florestas
plantadas do País – utilizadas exclusivamente para a
extração comercial de árvores, como as do gênero
Pinus e Eucalyptus – e falou sobre os danos causados pelos Scolytidae
nas reservas nacionais. “Tive a oportunidade de divulgar os
resultados das pesquisas que realizei ao longo de mais de uma década
de trabalho com esse tipo de praga”, diz. “Com isso, passei
aos participantes informações valiosas para o combate
e a prevenção desses besouros em seus respectivos países.”
Os Scolytidae permanecem em atividade nas florestas durante o ano
inteiro e podem chegar a outros países alojados nos troncos
exportados. Seus ataques ocorrem, principalmente, durante os meses
quentes e chuvosos – época em que também acontece
a sua reprodução. Flechtmann
alerta que, em meio a esses fatores climáticos, o manejo florestal
inadequado favorece ainda mais o desenvolvimento desta praga. “É
preciso que as árvores sejam plantadas a uma boa distância
umas das outras. Quando elas permanecem muito próximas, a concorrência
por água, luz e nutrientes aumenta consideravelmente”,
explica. “Isso prejudica o seu desenvolvimento e faz com que
elas cresçam menores e menos saudáveis, o que facilita
a penetração de insetos em seu tronco.”
No Brasil, esses besouros ainda não causam tantos prejuízos
como nos outros países, mas estão se multiplicando a
cada ano, o que resulta em um número cada
vez maior de árvores afetadas em nossas áreas de reflorestamento.
O entomologista explica que, como as florestas plantadas são
relativamente novas no País, grande parte delas é composta
por essências florestais exóticas, ou seja, árvores
que não são originárias de nossa flora. Por isso,
os Scolytidae têm dificuldades para colonizá-las, já
que ainda não se adaptaram totalmente às novas plantas.
Mas, segundo ele, essa condição é temporária.
“Há alguns anos, esses besouros eram pouco conhecidos
e só conseguiam perfurar árvores mortas ou extremamente
fragilizadas. Hoje em dia, entretanto, eles já são capazes
de atacar árvores vivas e saudáveis”, diz. “Se
esta evolução persistir, em pouco tempo os Scolytidae
serão uma das principais pragas de nossas florestas.”