IMPORTÂNCIA DA IRRIGAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO REGIONAL
(Texto apresentado como trabalho na disciplina de manejo da irrigação do curso de pós-graduação da UNESP de Ilha Solteira)

Luiz Sergio Vanzela
Meire Cristina Nogueira de Andrade



 1.Importância da Irrigação


    Sabe-se que durante muito tempo a agricultura foi considerada uma atividade muito importante para a produção de alimentos e para estabilizar a economia de um país. Porém atualmente, com os problemas ocasionados pela vida urbana (desemprego, criminalidade, poluição ambiental, estresse mental, etc), a agricultura tem sido vista também como uma saída para reduzir estes efeitos (setor produtivo que mais gera empregos diretos e indiretos, produção limpa, ecoturismo, tranqüilidade da vida no campo, etc).
    Com isso, a agricultura é considerada a alavanca inicial para o desenvolvimento econômico de uma região, sendo que quanto mais tecnificada for a agricultura, maior vai ser o consumo de insumos e maior vai ser a produção, gerando mais renda e distribuindo melhor os recursos na cadeia produtiva. Neste ponto a irrigação se torna muito importante, porque além aumentar a produtividade, reduzir a sazonalidade da oferta de alimentos no decorrer do ano e permitir a produção de alimentos onde a falta de chuvas é um fator limitante, esta tecnologia consome maior quantidade de insumos e serviços do que a agricultura de sequeiro.
    Na região do Vale do São Francisco, com a atuação do governo em projetos públicos de irrigação, foram implantados até o ano de 2000, uma área irrigada de 103.173 ha possibilitando a criação de 103 mil empregos diretos e 206 mil indiretos, beneficiando uma população de 433 mil pessoas.
    A região do oeste da Bahia, principalmente nos municípios de Barreiras e Luís Eduardo Magalhães onde atualmente irriga-se 75.000 ha (67.000 ha referentes a iniciativa privada e o restante de domínio público), estima-se atualmente uma produção de 3,2 milhões de toneladas de soja, algodão, arroz e milho, 761160 sacas de café, além da fruticultura. Com esse desenvolvimento agrícola e crescimento na oferta de empregos, só em Barreiras e Luís Eduardo Magalhães, a população cresceu de 40 mil habitantes em 1990 para 150 mil habitantes em 2001.
    Na região do Norte de Minas Gerais, os projetos públicos de irrigação que hoje já atuam irrigando uma área de 30.000 ha, pretendem irrigar ao todo cerca de 110.440 ha, nos municípios de Jaíba e Matias Cardoso (100.000 ha), Paracatu (9.300 ha) e Bonfinópolis e Unai (1.140 ha), que vão gerar aproximadamente um total de 173.000 empregos diretos e indiretos, com produção de 1.624.000 toneladas de grãos e alimentos no valor de 649,6 milhões de dólares.
    Estes números confirmam um estudo recente realizado por Maia, Gomes e Virgolino (1995), que evidenciam a importância da irrigação no crescimento macroeconômico. Os resultados demonstraram que no Nordeste, depois das regiões metropolitanas, as áreas que se praticava a agricultura irrigada, foram as que mais contribuíram para um incremento do PIP (Produto Interno Bruto).
Com isso, pode-se concluir que a irrigação se trata de uma tecnologia muito importante não só para o aumento e estabilidade na produção de alimentos, mas também para um crescimento econômico regional através da geração de empregos diretos e indiretos e maior geração e distribuição da renda. E se os projetos públicos de irrigação forem administrados de maneira correta e eficiente, eliminando-se superfaturamentos, contratos ilícitos de empresas, etc, serão de grande importância para iniciar o desenvolvimento e atrair o investimento privado.
2. Importância da Irrigação no Crescimento Macroeconômico


A influência da agricultura irrigada como de qualquer outra atividade na macroeconomia, pode ser medido pelo crescimento do PIB (Produto Interno Bruto). Como toda a cadeia de produção esta relacionada com a variação do PIB, quanto mais tecnificado for o cultivo (utilização de adubos, defensivos químicos, implementos agrícolas, irrigação, etc), maior será a contribuição da agricultura para um incremento no PIB.
 Isto pode ser verificado claramente pelo estudo recente realizado por MAIA, GOMES e VIRGOLINO (1995), no qual a partir de um índice 100, verificaram o crescimento do PIB  para cada sub-região da região Nordeste (Tabela 3).
De acordo com a tabela 2, depois das regiões metropolitanas (crescimento de 621,1), as regiões que mais tiveram incrementos no PIB de 1970 a 1992, foram as áreas irrigadas (587,4), seguida da Zona da Mata (343,3) e Semi-Árido (110,6), evidenciando a importância da irrigação para a crescimento econômico de uma região.
 
 
Tabela 3. Estimativa da Evolução do Produto Interno Brutono Nordeste por Sub-Regiões.
Regiões/Anos
 1970
1975
1980
1985
1988
1992
Regiões Metropolitanas
100,0
186,0
315,0 
450,9
562,7
621,1
Zona da Mata
100,0
160,6
209,9
274,7
243,2
343,3
Semi-Árido
100,0
149,3
192,3
188,7
238,9
110,6
Irrigação
100,0
193,7
191,1
442,4
463,9
587,4
Nordeste/ Total 100,0 162,7 230,9 285,7 327,7 318,5
Fonte: Dados Brutos: IBGE/Censos Econômicos e Secretaria de Finanças dos Estados. Cálculos: Maia, Gomes e Virgolino (1995).


3.Sites Pesquisados

AIBA. Evolução da cafeicultura irrigada - café da Bahia Cerrado. Disponível em: http://www.ondasnet.com.br/aiba/. Acesso em: 2002.

AIBA. A irrigação no oeste da Bahia. Disponível em: http://www.ondasnet.com.br/aiba/. Acesso em: 2002.

CABRAL, B. O futuro da água. Disponível em: http://www.aguasdoamazonas.com.br/agua_amazonia/info_texto_cabral.php. Acesso em: 2002.

CODEVASF. Impactos da ação da CODEVASF. Disponível em: http://www. codevasf.gov.br/empresa/impactos.htm. Acesso em: 2002.

CODEVASF. Histórico e Vantagens. Disponível em: http://www.codevasf.gov.br/vale/hist_vantagens.htm . Acesso em: 2002.

CORREIO RIOGRANDENSE. Brasil irriga apenas 6% das terras que cultiva. Disponível em: http://www6.via-rs.com.br/esteditora/correio/4752.html. Acesso em: 2002.

COUTO, L. Prospecção de Demandas de Pesquisa em Agricultura Irrigada para a região Semi-árida do Norte de Minas Gerais. Disponível em: http://www.cnpms.embrapa.br/body.html. Acesso em: 2002.

DEPARTAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS - DAEE/SP. Estudo de simulação da cobrança pelo uso da água. Disponível em: http://www.engenhoeditora.com.br/CobrancausoAgua548.htm. Acesso em: 2002.

HERNANDEZ, F. B. T. Irrigação aumenta a produtividade da cana-de-açucar. Disponível em: http://www.webcana.com.br/edicoes/edi_89/produtiv.htm. Acesso em: 2002.

LIMA, J. E. F. W., FERREIRA, F. S. A. , CHRISTOFIDIS, D. O uso da irrigação no Brasil. Disponível em: www.ana.gov.br/Usuarios/agropecuaria/main.htm. Acesso em: 2002.

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PASSOS, A. Rio Doce: água cobrada? Disponível em: http://gazetaonline.globo.com/anterior/011209/materias/estado/009est07.htm. Acesso em: 2002.

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