MANDIOCA: PRODUTORES DE MARTINÓPOLIS COMEMORAM RESULTADOS

Giselle Tomé

Recuperar pastos (a curto prazo) e conseguir uma boa produtividade no primeiro ano. Foi este o objetivo que os irmãos Walter Roque Gonçalves Vagner Carlos Gonçalves de Martinópolis apostaram na mandioca. Há três anos os matinopolenses escolheram a raiz como fonte de renda para a familia e hoje são um dos maiores produtores da cultura no oeste paulista com 60 alqueires com o produto. "Como muitos procuramos uma forma rentável e segura de continuar progredindo, a mandioca fez grande diferença para nós mesmo com outras opções como milho, soja, melancia, tomate e outras...ela se tornou atrativa pois pode ser lucrativa tanto quanto estas culturas (no momento, até mais qua a maioria)", comenta Walter.
Além da rentabilidade, o produtor destaca que o risco de investimento é reduzido. "Exige pouca ou até nenhuma mecanização", enfatiza.
Atualmente com a pouca oferta do produto (já que no passado os preços não favoreceram os agricultores) a mandioca tem dado, segundo Walter, no mínimo, 6% ao mês de rendimento do capital investido. Para apostar na cultura gasta-se cerca de R$ 3.000 por alqueire (incluindo colheita). "A nossa região tem clima e terra adequada para a produção de mandioca. Atualmente, paga-se em torno R$150 a R$ 250 a tonelada de mandioca. Considerando apenas o preço mínimo garantido pela indústria de R$ 100, o produtor precisa de 30 toneladas de mandioca para custear a lavoura, o restante é lucro, isto significa que o empresário, no mínimo, dobra seu capital, em um ano ou um ano e meio", garante.
Mil e uma utilidades
A mandioca serve com matéria-prima para a fabricação de muitos produtos. Existem cerca de 150 derivados diretos, além de estar presente no papel sulfite, no papelão, isopor, plástico, biodegradável, sorvete, remédios em cápsulas, madeira compressada, na indústria de petróleo, tecido, pão de queijo, mortadela, cola, álcool, pinga, etc.
O que assusta o produtor é o preço do produto que oscila muito, mas há formas de observar este movimento do mercado. A produção nacional mínima deveria ser de 22 milhões de toneladas ano mas nos últimos dois anos não foi possível atingir este patamar, o que elevou o preço da mandioca in-natura. Com isso, já um grande interesse das fecularias em cativar o produtor, dando-lhes garantias fundamentais para o sucesso do investimento, como preço mínimo e a colocação do produto. "Na região, nós fornecemos a matéria-prima para Amidoeste, em Tarabai, que tem passado uma grande segurança para nós produtores. A antiga administração provocou desistência de alguns produtores já que não recebiam o pagamento em dia, ao contrário da nova administração que tem sido totalmente pontual e responsável, cumprindo os contratos", frisa Gonçalves.
Tecnologia
Os produtores de mandioca podem encontrar apoio tecnológico através da Câmara Setorial de Mandioca e na Associação dos Produtores e Industriais de Mandioca do Estado de São Paulo (Apimesp-sede em Campinas). Mais informações: (18) 3341.6288.

 
Demanda para a cultura é maior que a oferta de terras
A idéia de arrendar terras para investir na agricultura está sendo a opção de muitos agricultores do oeste paulista. Tanto é que o múmero de produtores interessados em plantar mandioca é maior do que a oferta de terras (Isto segundo dados da Bolsa de Parcerias e Arrendamento de Terras do Oeste Paulista). Segundo a coordenadora do programa, Anna Cláudia Berno, estes resultados são positivos e só mostram uma coisa: a região tem vocação para a agricultura. Para ela, a diversificação das lavouras é essencial para o progresso regional e a mandioca é uma opção para pequenos agricultores. "Falamos sempre da soja porque promove a renovação das pastagens", explica.
Berno diz que a Bolsa deverá estabelecer contato com o prefeito de Tarabai, Waldemar Calvo, para ajudar a estimular a produção de mandioca brava. "A agricultura está forte, estamos mantendo contato com algumas empresas interessadas em investir na região, e neste clima tão positivo não podemos deixar que a fecularia de Tarabai, que está sob uma nova direção apostando na cidade e no oeste paulista, fique sem matéria-prima", enfatiza Berno.
Em visita recente a Presidente Prudente Ovídio Carlos de Brito, presidente do Fundo de Desenvolvimento Agropecuário do Estado de São Paulo (FUNDEPEC), ficou surpreso em ver o interesse da região pelo arrendamento e parcerias de terras. "A Bolsa é uma ferramenta importante de transformação do oete paulista, provocando geração de recursos e atraindo grandes investidores", ressaltou Brito que, na oportunidade, jantou com empresários prudentinos e proprietário da esmagadora Granol de Osvaldo Cruz, que demostra interesse de se instalar na região.
Brito explica que a última grande área de exportação de agricultura no mundo é o Brasil, "Se tivermos competência para usarmos todo nosso potencial temos tudo para crescer, pois é aqui que tem que acontecer a expansão de alimentos pra o planeta".
O Imparcial, Presidente Prudente, 23 de Agosto de 2003, Caderno B, p. B6



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