O
Ministério Público tem a intenção de propor
ação contra os municípios que não possuem
nenhum tipo de tratamento de esgoto. Na Alta Sorocabana, que é
a região de atuação do MP de Presidente Prudente,
estão englobados Mirante do Paranapanema, Piquerobi e Presidente
Venceslau.
Segundo o promotor de Justiça do Meio Ambiente, Nelson Bugalho,
em Presidente Venceslau há muito tempo foi proposta uma ação,
o MP ganhou e até hoje a Prefeitura não cumpriu a decisão
judicial. ‘‘Existe uma multa milionária sendo executada
por conta do descumprimento do acordo. Em relação a Mirante
do Paranapanema e Piquerobi, estamos pensando em entrar com esta ação
caso o problema não seja resolvido’’, ressalta.
Em relação aos outros municípios da Alta Sorocabana
todos têm algum tipo de tratamento ou estão fazendo. ‘‘As
vezes ocorre alguma falha no sistema, então instauramos inquérito
para apurar que tipos de falhas ocorreram e se houve danos ambientais.
Estamos sempre acompanhando de perto estes locais onde já existe
o tratamento de esgoto. Da região a principal cidade que não
tem este tipo de tratamento é Presidente Venceslau, já
houve ação, condenação confirmada pelo Tribunal
de Justiça, só que a Prefeitura não cumpre a decisão
judicial’’, diz Bugalho.
O promotor enfatiza que a falta de tratamento de esgoto e o lançamento
para os rios afetam a qualidade das águas e com isso provoca
uma repercussão econômica e não somente ambiental.
‘‘Ocorre o comprometimento da qualidade das águas,
dano à fauna aquática, à flora que está
próximo a essas águas que recebem os detritos.
Na questão econômica, as águas que recebem o esgoto
não podem ser empregadas para o uso de contato direto como lazer,
para matar a sede de animais, irrigação de lavouras, além
de promover a depreciação dos imóveis por onde
esses corpos poluídos de água passam’’, explica.
Um dos exemplos citados pelo promotor é o rio Santo Anastácio,
que está morrendo.
‘‘É
uma conjunção de fatores que combinados levam à
morte do rio. Isso ocorre pelo lançamento de esgoto, fluentes
industriais, degradação vegetal, entre outros. O Santo
Anastácio é conhecido como rio, mas em alguns pontos não
tem porte de rios, são trechos que se transformarem em córrego,
todo assoreado e comprometido’’, relata e complementa que
com o tratamento de esgoto de Prudente espera que a qualidade da água
neste rio melhore. Disse que estará pedindo uma avaliação
para saber se isso ocorreu. ‘‘Os governantes têm que
ter a preocupação com a retirada de esgoto, mas somente
isso não é possível, tem que pensar também
em sua destinação final. E falta investimento nesta área’’,
conclui Bugalho.
Em Mirante, a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado
de São Paulo) está realizando a obra de tratamento de
esgoto de deve ficar pronta em julho do próximo ano, e em Piquerobi
será incluído no Plano Plurianual da empresa.
Melo considera falta de esgoto como ‘questão política’
O prefeito de Presidente Venceslau, Osvaldo Melo, considera que o problema
não tratamento de esgoto uma ‘questão política’.
Segundo ele, foi realizado um projeto para a criação de
um Fundo Municipal de Investimento em Saneamento Básico para
fazer junto a Caixa Econômica Federal um financiamento para a
realização da obra. ‘‘Com o dinheiro do Fundo
estaríamos pagando a CEF com carência de três anos.
O projeto foi encaminhado para a Câmara que reprovou’’,
diz.
Melo ressalta que em sua gestão tentou resolver o problema da
decisão judicial tanto quanto a falta de tratamento de esgoto
no município. ‘‘É uma vergonha um município
de 78 anos não ter esgoto. Mandei uma cópia do projeto
para o promotor de Justiça do Meio Ambiente, Nelson Bugalho.
É uma questão regional, pois não adianta um município
ter e o outro não. Venceslau perde muito, pois algumas empresas
não querem se instalar aqui pela falta do tratamento’’,
ressalta.
Para Ibama falta apoio do governo para esgoto
Para o Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais
Renováveis), os municípios que não possuem tratamento
de esgoto, não conseguem resolver este problema sozinho faltando
o apoio por parte do governo.
Segundo o analista ambiental do Ibama de Presidente Epitácio,
Wilson Sakai, o problema do esgoto é globalizado, pois fica caro
trtá-lo muito principalmente para os municípios de pequeno
porte. ‘‘As vezes a questão do tratamento de esgoto
não é prioridade e quando é o governo ou o município
não possuem recursos para fazer o investimento’’,
enfatiza e complementa que enquanto isso o meio ambiente acaba sendo
prejudicado, principalmente os rios. ‘‘O tratamento de esgoto
é muito importante, pois a recuperação do rio é
mais difícil. Acredito que o que tem mais problema é o
rio Santo Anastácio, pois passa por vários municípios
e muitos dejetos são lançados neles’’.
A fiscalização somente é feita pelo Ibama quando
o problema é grande ou se o Ministério Público
solicita algum laudo principalmente se ocorre uma grave mortalidade
de peixe. Atualmente este tipo de fiscalização é
feita pela Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental).
‘‘Foi instituída a ANA - Agência Nacional da
Água, um órgão do governo federal que quando estiver
funcionando será a responsável por fazer esta fiscalização.
Mas não tem uma previsão de quando’’, ressalta
Sakai.
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