Estudantes
do curso de Pós-Graduação em Agronomia
da UNESP Ilha Solteira durante os dias 30 e 31 de agosto de 2007
participaram de uma série de visitas na região central
do Estado de São Paulo como parte das atividades da disciplina
de “Manejo e Operação de Sistemas de Irrigação”.
O objetivo foi o de vivenciar na prática as dificuldades dos
produtores rurais que usam a água para fazer a irrigação
das suas culturas e assim conseguir ganhos de produtividade, qualidade
da produção e consequentemente, obter maiores lucros.
Sob
a Coordenação do Prof.
Dr. Fernando Braz Tangerino Hernandez da Área
de Hidráulica e Irrigação e também Chefe
do DEFERS - Departamento de Fitossanidade,
Engenharia Rural e Solos da UNESP
Ilha Solteira participaram da viagem técnica os Engenheiros
Agrônomos Cleiton Gredson Sabin Benett, Elielda Mariane Lopes
Fernandes, Elisângela Dupas, Gláucia Garcia Figueiró
e Simone da Silva e ainda André Luiz Sarto do último
ano do curso de Agronomia.
A primeira parada da viagem foi em Taquaritinga-SP para participar da
primeira manhã de atividades do evento Caravana
da Fruta, que em dois dias vem percorrendo diversas regiões
produtoras de frutas do Estado de São Paulo oferecendo palestras
técnicas escolhidas pelos produtores rurais com o objetivo de
capacitá-los. O Caravana da Fruta é
uma iniciativa do IBRAF e SEBRAE
e faz parte de toda uma programação que inclui a Certificação
do produtor rural com Boas Práticas Agrícolas.
Na programação do dia 30 de agosto pela manhã estava
a palestra do Prof.
Dr. Fernando Braz Tangerino Hernandez da Área
de Hidráulica e Irrigação da UNESP
Ilha Solteira que falou para aproximadamente 100 produtores rurais
e Engenheiros Agrônomos sobre “Uso Racional
da Irrigação em Fruteiras”.
Em sua palestra uma maior ênfase na conscientização
dos problemas registrados com a água atualmente e principalmente
na eficiência da irrigação, que começa com
a escolha de um bom projeto de irrigação, um projeto técnico
que leva em consideração os aspectos de solo, clima, atmosfera,
topografia e cultura a ser irrigada. Também os aspectos ligados
à demanda de água pelas culturas - a chamada evapotranspiração,
que é perda de água por evaporação do solo
e transpiração das plantas - e a qualidade da água,
com atenção aos problemas de elevada concentração
de ferro em mananciais de superfície e cálcio e sódio
em águas subterrâneas.
Finalizou mostrando quais seriam as boas práticas de irrigação
a serem adotadas e como fazer o manejo da irrigação via
solo ou via atmosfera para que se tenha uma melhor eficiência
no uso da água, ou seja, menor quantidade de água para
cada quilo de produção.
Em seguida foi a vez do Prof. Dr. João Domingos Rodrigues da
UNESP Botucatu
falar sobre “Uso de Fitorreguladores em Fruteiferas”, mostrando
a importância dos principais fitorreguladores e bioestimulantes,
qual o modo de ação e quais as aplicações
no desenvolvimento e produção das diferentes frutíferas,
sem esquecer de uma abordagem sobre a importância das radicelas.
O Dr. Mingo, como carinhosamente é chamado, finalizou mostrando
que reguladores vegetais são efetivos no aumento da produção
e na qualidade agrícola e ainda que a utilização
destes representa alta tecnologia para a agricultura, mas alertou da
importância para o uso adequado da dose, “a concentração
indicada deve ser respeitada”.
Após o almoço, a equipe da UNESP
Ilha Solteira se deslocou até Itápolis onde foram
recebidos pelo Secretário da Agricultura do município,
citricultor e Engenheiro Agrônomo Fábio Del Rovere, que
junto com sua mãe e irmãos possui uma propriedade com
limão Tahiti, lima da Pérsia, tangerina e laranjas para
mesa e indústria.
Ainda na cidade, o Secretário de Agricultura fez uma abordagem
sobre seu município, de aproximadamente quarenta mil habitantes,
mas considerado o em produção de citros no país,
sendo que somente em 2006 e 2007 já foram plantadas mais de um
milhão de mudas. Além disso, tem apresentado um dos melhores
PIB do Brasil. Também falou sobre sua trajetória profissional
e da alegria de poder conciliar as atividades políticas-administrativas
como Secretário, ser produtor rural e ainda poder trabalhar como
Engenheiro Agrônomo, transmitindo aos visitantes a importância
de realizar com dedicação as atividades que nos envolvemos.
Já na propriedade toatalmente irrigada com água proveniente
de dois poços, a família Rovere cultiva laranja, limão
e lima. Os desafios e os procedimentos adotados na produção
foram exaustivamente discutidos, com o Engenheiro Agrônomo Fábio
à todo momento enfatizando a necessidade de adotar uma postura
profissional na produção, adotando técnicas de
fertirrigação, tratamento fotossanitário e colheita
conforme demanda a especificidade de variedade.
Na safra passada a produção média de limão
foi de 4 caixas por planta irrigada e ainda ressaltou que é importante
a adoção de tecnologias para que a cultura expresse todo
seu potencial produtivo, dentre estas, o uso da irrigação.
Sua propriedade foi a primeira a instalar irrigação em
todo seu sistema de produção no ano de 2003. O sistema
adotado foi de gotejamento utilizando duas linhas na projeção
da copa, que apresenta ainda a vantagem de realizar a adubação
por fertirrigação.
Da sua propriedade parte da produção de limão é
destinada para exportação e este ano a produção
de limão garantiu uma receita três vezes superior que a
de laranja. No período de entre safra o produtor conseguiu obter
melhor melhores preços pelo produto, em função
da maioria dos produtores não disporem de sistemas de irrigação
em seus pomares, ocasionando assim, menor oferta do produto no mercado
e conseqüente valorização do seu preço.
“No início quando pensamos em adotar o sistema de irrigação,
os Técnicos amigos achavam melhor aumentar a área de produção
ao invés de adotar o sistema de irrigação, mas
optamos pela irrigação e hoje a propriedade é extremamente
rentável em função da tecnologia utilizada”,
concluiu Fábio, que junto com sua mãe
brindou os visitantes ao final da tarde com lanche, arroz doce e
uma caipirinha de lima da Pérsia, segundo ele, sua especialidade.
Na sexta-feira (dia 31/08) pela manhã, na cidade de Pirassununga
foi visitado o Viveiro de Mudas Cítricas Chácara da Madrinha,
pertencente a AMBIENTAL, empresa líder na prestação
de serviços para o setor citrícola, fundada em 1996, quando
se iniciaram as atividades do grupo. Atualmente, a AMBIENTAL tem buscado
a diversificação, sendo o viveiro de mudas cítricas
mais uma das atividades da empresa pelo Engenheiro Agrônomo Nilson
Marcos Matsuda e que conta com 11 sócios e gera mais de três
mil empregos.
No Viveiro a recepção foi feita pelo pelo Engenheiro
Agrônomo Nilson Marcos Matsuda e pelo encarregado de produção
de mudas Osni Coraini, o qual apresentou as dependências externas
do viveiro, explicando todas as etapas de produção. As
dependências internas do viveiro, ou seja, o interior das estufas
usadas na produção de mudas não foram visitadas
por motivo de segurança fitossanitária.
O Engenheiro Agrônomo Nilson Matsuda falou sobre sua trajetória
profissional desde a sua formação na Turma de 1987 da
UNESP Jaboticabal,
apontando seu acertos e dificuldades enfrentadas, mas sempre com uma
mensagem otimista e com grande ênfase ao empreendedorismo e no
profissional que o mercado deseja.
Já ao Técnico Agrícola e Administrador de Empresas
Osni Coraini coube explicar e mostrar a unidade
e os detalhes técnicos da produção, com capacidade
para formar cerca de 200 mil mudas, as quais vão para campo com
8 a 9 meses e contam de haste única com 35 a 45 cm, em sacolas
plásticas, as quais são descartáveis.
O viveiro conta com equipamentos de irrigação do tipo
gotejamento (utilizado para fertirrigação), aspersor invertido
(usado para aliviar a temperatura interna das estufas, as quais podem
chegar a 45º C) e também irrigação manual.
No entanto, a irrigação via gotejadores não vem
sendo utilizada por motivos técnicos, especialmente ligados à
qualidade da água que apresenta um teor elevado de sódio,
situação característica da região quando
se utiliza de água de fonte subterrânea.
A última visita técnica, já no dia 31 a tarde,
foi na cidade de Rio Claro, uma das sedes da CITROGRAF,
uma empresa pioneira na produção de mudas cítricas
e hoje é considerada como um grande expoente da área devido
o alto nível de tecnologia e qualidade empregadas consolidando
com supremacia o mercado citrícola brasileiro. Na CITROGRAF os
Pós-Graduandos da UNESP Ilha Solteira foram recebidos pelo Engenheiro
Agrônomo e também Mestre em Prudução Vegetal
pela UNESP Jaboticabal Marcelo Zanetti que fez
uma abordagem técnica e comercial do mercado de citros, desde
a produção de mudas até a comercialização
das frutas, incluindo os sistemas de irrigação mais adequados
para a cultura.
Em números, a CITROGRAF tem uma produção anual
com cerca de 950.000 mudas e mais de 2.000.000 de porta-enxertos gerando
emprego para 130 funcionários. A empresa ainda apresenta um programa
de proteção continuada de citros atendendo o produtor
não só na compra de mudas como também num amplo
trabalho de assistência técnica como a elaboração
do projeto de financiamento, seleção de copa/porta-enxerto,
o preparo do pomar, a implantação da cultura, e seus tratos
culturais, tudo para assegurar e garantir uma boa safra ao produtor.
No fim da tarde foram inevitáveis os comentários de orgulho
e satisfação da viagem. Para a Engenheira Agrônomo
Elielda Fernandes, “orgulho por sabermos
que temos grandes representações no país no ramo
citrícola investindo com grande competitividade no mercado internacional
e satisfação por termos conferido tudo isto tão
de perto. Foram empresas em que suas atitudes fizeram toda a diferença”,
concluiu.
Também chamou a atenção de todos o rigor
fitossanitário adotado em todo o processo de produção
de citros e também a nova combinação de cavalo/copa,
fazendo com que nas regiões de maiores déficits hídricos
haja a necessidade do uso de sistemas de irrigação, especialmente
para laranjas para mercado.
Na opinião da Pós-Graduanda Simone Silva,
“a viagem foi uma ótima oportunidade de fazer contato,
aprender e entender um pouco mais sobre diversos aspectos da irrigação,
bem como, do setor citrícola no que diz respeito a todos os aspectos
de produção que se iniciam com mudas de alta qualidade
e seguras de patógenos”.
Para o Professor
Fernando Tangerino, responsável pela viagem “os alunos
devem ter contato também com o mercado, ou seja, com o dia a
dia da atividade profissional e dessa maneira a viagem proporcionou
esta oportunidade, contribuindo para a formação sólida
dos estudantes da UNESP
Ilha Solteira”
Texto: Cleiton Gredson Sabin Benett, Elielda Mariane
Lopes Fernandes, Elisângela Dupas, Gláucia Garcia Figueiró
e Simone da Silva
Fotos: Cleiton Gredson Sabin Benett e Elisângela
Dupas
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