UNIR PARA VENCER |
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Acabo de participar do III Encontro Técnico sobre o Cultivo
da Pupunha e do Coco-da-Baía da Nova Alta Paulista, realizado no feriado de 9 de julho, em Santa Mercedes.
O enorme interesse demonstrado pelos presentes, oriundos de seis estados brasileiros, o esforço da comissão organizadora para oferecer-lhes informações técnicas precisas e confiáveis, a gentileza do Sr. Oswaldo Martucci, disponibilizando uma vez mais suas plantações e sua indústria, o prestígio pessoal do prefeito Élvis Polidoro emprestado ao evento, enfim, toda essa conjunção de ações positivas estimulam-me a tecer algumas considerações. Em primeiro lugar, a constatação de que mudanças de mentalidade e de comportamento são essenciais para a sobrevivência de todos, especialmente nos dias atuais em que tudo gira muito rápido, as informações são difundidas e acessadas em qualquer lugar do mundo em questão de segundos e é preciso um esforço grande para acompanhar essas mudanças para não ficar na rabeira dos acontecimentos. Por muito tempo fui radicalmente contra qualquer tipo de subsídio. Sempre acreditei que os mercados interagir-se-iam cada vez mais rápido e a competição faria com que os mais aptos e produtivos fossem vencedores. A competição realmente se estabeleceu no mundo globalizado, inclusive nos mercados agrícolas, porém o jogo não foi limpo. O que se vê hoje em dia é um desequilíbrio, uma desigualdade, face aos subsídios criados por outros países, nossos concorrentes. Então, é preciso admitir o subsídio para os nossos produtos agrícolas como condição de competição interna e externa. Num extremo vejo o "jovem" empreendedor Oswaldo Martucci implantado com recursos próprios (pasmem, senhores, os agentes financeiros lhe negaram financiamentos!) uma fazenda com 340 mil pés de pupunha e 8 mil pés de coco, com uma irrigação de primeiro mundo, e uma indústria para processamento de palmito, que se tornaram referência nacional. O que é mais, liberou esse empreendimento às pesquisas, ao público e a todas as pessoas interessadas em conhecer esses cultivares. Isso é mentalidade moderna. Noutro extremo, vejo com tristeza a absoluta ausência da Secretaria da Agricultura, no que tange à regional de Dracena, nas duas últimas edições do Encontro Técnico de Santa Mercedes que tem na visita à fazenda seu ponto de referência e que reuniu, nas suas três edições, respectivamente, 250, 390 e 300 pessoas. E o que é mais grave: Tive acesso ao fax que designou o diretor do EDR de Dracena como representante do Secretário da Agricultura neste 3 Encontro e, nem assim, este ou seus técnicos estiveram presentes. E aqui pego carona no Oeste Notícias (10/7/99, pág. 4.3) que pergunta: "A CATI está contra o surgimento de novos projetos que vão gerar empregos e renda para a região?" Conheço sobejamente o exemplo da CATI-Jales que, com espírito de integração, participação e mobilização de todo seu pessoal, fez melhorar sensivelmente a fruticultura, a auto-estima e a vida dos agricultores daquela região. Ainda mais, essa ausência pode ser considerada um tremendo desrespeito ao Sr. Oswaldo Martucci que liberou sua propriedade para experimentos que deveriam ser conduzidos pela própria CATI. Ninguém duvide: graças ao Sr. Oswaldo Martucci e às pessoas e entidades que o cercam com o objetivo único de viabilizar seu vitorioso projeto, a Nova Alta Paulista é hoje muito mais conhecida e admirada no Brasil, já que sua propriedade recebe visitantes de toda parte, desde empreendedores do Pará (para citar o mais distante) até pesquisadores do nordeste e dos Estados Unidos. Juntar forças é uma questão de mentalidade, uma demonstração de lucidez, uma questão de sobrevivência. |
Fernando Braz Tangerino Hernandez, é Engenheiro Agrônomo pela UNESP-Jaboticabal, Doutor em Irrigação pela ESALQ-USP e Professor da Área de Hidráulica e Irrigação da UNESP - Ilha Solteira. |
Jornal Regional, Dracena, 17 de Julho de 1999. |
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