A SAÍDA, ONDE FICA A SAÍDA?


   

PARA ESPECIALISTAS, A SOLUÇÃO É BUSCAR CONVÊNIOS INTERNACIONAIS E RACIONALIZAR GASTOS

     A crise econômica afeta diretamente as universidades públicas, que sobrevivem dos repasses estaduais que recebem do ICMS. Como a arrecadação do imposto vem caindo, UNESP, USP e Unicamp também recebem menos dinheiro para saldar suas contas. Em janeiro de 1998, foi arrecadado R$1,470 bilhão de ICMS pelo Estado, e esse valor caiu para R$1,391 bilhão, ou seja, 0,2% a menos, no mesmo período deste ano. "É necessário diversificar as fontes de arrecadação, estabelecendo contatos com o setor privado e convênios internacionais. Isso, porém, só funcionará a médio prazo, pois não faz parte da nossa cultura institucional", avalia o economista Marcos Eugênio da Silva, da FEA/USP. 
     Buscar recursos externos, por outro lado, ficou ainda mais difícil. "As empresas privadas não têm capital para investir e as agências de fomento, como a Fapesp, também estão sofrendo com a queda do ICMS", analisa o economista José Murari Bovo, do Departamento de Economia da FCL/UNESP, câmpus de Araraquara. "Se não se pode aumentar a receita, a única solução para equilibrar as finanças é gastar menos. Mas há limitações legais, como o pagamento dos inativos e a estabilidade dos docentes concursados", completa o economista Hélio Rodrigues, da mesma FCL.

REAVALIAÇÃO

     Para Claudio Felisoni de Angelo, da FEA/USP, porém, não se deve ser pessimista quanto ao futuro da universidade pública. "Não há razões para desespero, desde que se busquem recursos na iniciativa privada, interagindo com organizações internacionais", avalia. Para o economista, o governo deve concentrar suas atenções no ensino básico e fundamental. "Os professores necessitam trabalhar mais horas e dar melhores aulas."
     Para Marcos Eugênio da Silva, racionalizar gastos é prioridade. Bovo dá um exemplo concreto de como reduzir custos: "O número de departamentos é hoje excessivo. Reavaliar seu número significaria reduzir gratificações e economizar recursos". Há ainda aqueles que defendem outras alternativas, como cobrar mensalidades ou taxas de inscrição dos alunos das universidades públicas. "Não acredito em medidas desse tipo. Elas só tendem a elitizar o ensino", diz Silva. 

Jornal da UNESP - Ano XIV - n. 133 - Março/99 - p. 3