FHC QUER TRANSPOSIÇÃO DE RIO NO NE
Obra no São Francisco, estimada em US$ 3 bi,  enfrenta oposição de BA, SE e AL


 
          O presidente Fernando Henrique Cardoso deu ontem o aval para que o Ministério da Integração Nacional comece o trabalho de convencimento dos líderes políticos contrários ao projeto de transposição das águas do rio São Francisco. O projeto, que busca minimizar a falta de água no semi-árido do Nordeste, está estimado em US$ 3 bilhões.
          "Todos sabem de que lado o meu coração bate, nesse tema. Vamos ter de enfrentar, com muita coragem, a questão hídrica do Nordeste", afirmou Fernando Henrique Cardoso, sem citar, no entanto, a que projeto se referia.
         Mais tarde, o ministro Fernando Bezerra, da Integração Nacional, confirmou que FHC tratava da transposição de águas. "Ele me disse: "Fernando, se o projeto for técnica e economicamente viável, nós vamos fazer'", disse.  Bezerra inicia na próxima terça, por Sergipe, uma série de viagens ao Nordeste para apresentar o projeto. Dos US$ 3 bilhões previstos, US$ 1,7 bilhão será utilizado especificamente nas obras de transposição, com a construção de canais de captação, túneis e estações elevatórias. O restante será destinado a projetos de revegetação, dragagem e obras de combate ao assoreamento do rio.
          O projeto de transposição vem sendo analisado por governantes desde 1847. FHC incluiu a obra em seu programa de governo para o primeiro mandato, mas o projeto não saiu do papel. Segundo Bezerra, a proposta "está em ponto de discussão com a sociedade". O ministro justifica: "Em 2001, pela primeira vez, a balança hídrica do Nordeste ficará desequilibrada. Ou seja, vai ter menos oferta do que procura por água. Daí só tem uma solução: ou importa água ou exporta nordestino do semi-árido".
          Segundo Bezerra, embora o custo inicial do projeto seja alto e haja muita polêmica quanto aos benefícios trazidos por ele, "o custo de migração de população do semi-árido para grandes centros também é altamente oneroso". Durante cerimônia no Palácio do Planalto, FHC afirmou que pretende, este ano, começar a repassar recursos para o projeto. "Que as chuvas continuem no Nordeste para que possamos, ao invés de ter de destinar recursos de emergência para combater a seca, destinar recursos para as obras de consolidação da situação hídrica da
 região."
          O governo tentará reverter a situação política contrária ao projeto, notadamente em três Estados. A transposição  tem oposição explícita dos Estados da Bahia, de Sergipe e de Alagoas.