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QUASE 5 MESES SEM CHUVA EXIGE PLANEJAMENTO E INVESTIMENTOS
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Fernando Braz Tangerino Hernandez 1
O período de 137 dias sem chuva impressiona, especialmente quando se trata de uma região, como o Noroeste Paulista, que tem volume médio de chuvas de 1.250 mm anuais. Esta é a situação vivenciada por 75% dos municípios monitorados pela Rede Agrometeorológica do Noroeste Paulista, operada pela Área de Hidráulica e Irrigação da UNESP Ilha Solteira.
Deveríamos não nos impressionarmos tanto com esta situação, afinal, é previsível! Em 2010, o município de Ilha Solteira registrou impressionantes 177 dias sem chuva e estamos em média com 91 dias sem chuvas na região, pois 25% dos municípios registram menos que cem dias sem chuva e em número de dias uma situação que poderia ser confundida e acreditarmos que a situação é menos desfavorável que em 2017, quando em média, foram 93 dias sem chuvas e apenas Populina, registrou 132 dias sem chuvas, mas a maioria dos municípios ficou entre 83 e 88 dias sem chuvas. Isso é matemática!
Mas, realmente a situação é mais crítica este ano e as consequências da falta de chuva pode ser medida por dois outros elementos, quando teve início a seca e a extensão do déficit hídrico. Este ano até o momento são 159 mm à mais de déficit hídrico no solo de um período que começou ainda em março (243 mm), enquanto que no ano passado, o período seco começou em junho (184 mm), é o que mostra o balanço hídrico médio para a região Noroeste Paulista.
Na contabilidade chuva, evapotranspiração potencial e real. Na média, a evapotranspiração potencial em 2017 ficou em 3,4 mm/dia e este ano, está até o momento em 3,3 mm/dia, portanto a demanda da atmosfera em condições de adequado armazenamento de água é muito semelhante, e estas condições são utilizadas pelos Irrigantes para garantir a produtividade elevada das suas lavouras.
Porém, sem chuvas, e sem água no solo, a evapotranspiração real nestas condições até agora deixam a média de 2017 em 2,6 mm/dia, contra os 1,9 mm/dia deste ano, exatamente porque as chuvas cessaram dois ou três meses antes do que normalmente se registram, trazendo consequências econômicas ao campo, desde frustração de resultados, até o aumento dos custos de produção pelo maior uso dos sistemas de irrigação que trabalham em plena carga.
Cana e pastagens estão sendo as culturas que mais sentem este déficit hídrico antecipado. Tomate, feijão, soja e milho são irrigados nesta época e citricultores que contam com sistemas de irrigação, estão com os seus sistemas em plena operação e a produção à caminho de bons resultados, pois a florada foi antecipadamente e convenientemente induzida.
Os extremos climáticos afetam toda a sociedade e assim, o monitoramento climático de uma região é fundamental para que se possa desenvolver a resiliência à estas condições e, no caso do campo, o balanço hídrico é uma ferramenta importante para o planejamento agropecuário e nas condições de frequentes e prolongados déficits hídricos, investimentos em sistemas de irrigação são necessários para a sustentabilidade do negócio de produzir alimentos.
1 Fernando Braz Tangerino Hernandez, Engenheiro Agrônomo e Professor Titular da Área de Hidráulica e Irrigação da UNESP Ilha Solteira e divulga dicas sobre agricultura irrigada e agroclimatologia semanalmente no [Pod Irrigar] - o Pod Cast da Agricultura Irrigada em http://podcast.unesp.br/podirrigar
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Blog do Patrício Nunes, Petrolina - PE, 17 de agosto de 2018.
Portal UNESP, São Paulo, 20 de agosto de 2018.
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