Aplicações
dos sistemas e exame dos avanços na irrigação
(Irrigation Systems for Every Applications)
The Council for Agricultural Science and Technology
Conselho para Ciência e Tecnologia na Agricultura
- Iowa - U.S.A.
Publicado na Agribusiness Worldwide, v. 11, n. 6, p. 20-30, 1.989
Tradução: Fernando Braz Tangerino Hernandez (1.996)
Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira - UNESP
Departamento de Ciência do Solo e Engenharia Rural - Área
de Hidráulica e Irrigação
Os sistemas de irrigação são classificados em
4 categorias, de acordo com o modo de aplicação da água:
1. Superfície; 2. Aspersão; 3. Localizada e 4. Subirrigação.
Os sistemas de irrigação
de superfície distribuem a água na superfície
por gravidade. Usualmente exigem o nivelamento da superfície
do solo de modo a permitir que a água flua uniformemente pelos
canais abertos no solo. A água penetra no solo a partir desses
canais. A quantidade aplicada é determinada pela taxa de porosidade
do solo e pelo tempo ideal em que a água deve ficar disponível
em qualquer ponto da superfície do solo. Um canal pode ser um
sulco entre duas ruas das plantas, uma faixa limitada por diques baixos,
ou o campo inteiro pode ser irrigado.
Os sistemas de irrigação por aspersão descarregam
a água através de aspersores ou de difusores instalados
em tubulação de distribuição pressurizada.
Os aspersores, e às vezes a tubulação, são
instalados em suportes fixos ou móveis. A taxa de aplicação
da água é controlada pelo sistema. A quantidade da aplicação
é determinada pelas horas de operação.
Os sistemas de irrigação localizada, tais
como gotejamento ou microaspersão distribuem a água em
espaços curtos, através de canos pressurizados. A água
é descarregada a partir de emissores, mini aspersores ou de condutos
porosos a baixa pressão. Estes sistemas requerem aplicações
mais freqüentes do que os métodos de irrigação
de superfície ou os de aspersão. Os condutos de água
e os pontos de descarga são geralmente assentados na superfície
do solo, mas podem também ser enterrados a pequena profundidade
ou fixados nas árvores dos pomares. A taxa de aplicação
de água e a quantidade aplicada são controladas pelo sistema.
Os sistemas de subirrigação requerem o levantamento
do nível do lençol freático de modo que a ação
capilar atrairá a água do solo para a zona radicular.
A água é fornecida à zona saturada abaixo da região
das raízes da planta através de condutos subterrâneos
ou, em se tratando de locais em que a superfície é porosa,
através de canais de superfície sem revestimento. Os sistemas
de subirrigação são usados somente onde as formações
subjacentes permitem a formação e manutenção
do nível do lençol freático a pouca profundidade.
IRRIGAÇÃO
POR SUPERFÍCIE
Pequenos diques são utilizados para irrigar culturas próximas
como pequenos cereais. Canais de irrigação são
usados para irrigar ruas plantadas em canteiros elevados. Ambos podem
ser irrigados através de bacias em nível rodeadas de pequenos
diques. Em todos os sistemas de superfície a água flui
por gravidade.
A água é liberada na parte superior da margem ou sulco,
ou bacia, a partir de um canal-mestre ou canalização.
Conforme a água avança pelos sulcos, parte dela infiltra-se
no solo. Quando a corrente alcança a extremidade inferior do
campo, uma parte tende a extravasar caso essa extremidade não
esteja bloqueada. Quando tiver sido aplicada água suficiente,
sua entrada é interrompida manualmente ou por controle automático.
Quando a água reflui dos canais, a irrigação daquela
área ou grupo de sulcos está completada. De preferência,
para irrigação completa, a quantidade de água infiltrada
deverá ser apenas a necessária para repor a água
do solo esgotada na extremidade inferior de cada canal do terreno.
É difícil prever a taxa de fluxo de água ótimo
e o período de aplicação para suprir as necessidades
de água do solo, porque a taxa de infiltração e
a taxa de avanço da água através da superfície
do solo variam de uma irrigação para a outra. O tempo
de infiltração é geralmente mais longo na parte
superior do fluxo de água do que na extremidade inferior do canal.
Assim sendo, se a extremidade inferior estiver completamente irrigada,
mais água deve ser infiltrada na parte superior do que o solo
pode reter. A água que se infiltrar além da zona radicular
(percolação profunda) geralmente retorna ao lençol
freático.
A água deve ser aplicada em cada canal ou grupo de canais em
período suficiente para assegurar uma irrigação
adequada. Taxas de fluxo de água e número de vezes de
aplicação para uma irrigação uniforme podem
ser calculados em sistemas bem planejados. A maioria dos irrigantes
usam a experiência anterior para dosar o número de vezes
de aplicação de água e a taxa de fluxo, já
que o solo e as condições da planta variam durante todo
o período de cultivo. Mas o excesso de água que estravaza
é mais difícil de prognosticar porque ele não pode
ser observado. Dessa forma, taxas ótimas de fluxo de água
e o estabelecimento do número de aplicações podem
não ser conhecidos ou nem sempre são utilizados. O excesso
de água na superfície pode ser capturado e reconduzido
para o mesmo campo através de um sistema de reutilização
da sobra de água. Por outro lado, a água recuperada pode
ser a fonte para uma irrigação mais abaixo do terreno
ou para outros usuários da água.
O sistema de inundação por diques (border systems)
são apropriados para todos os tipos de cultivares que não
sejam prejudicados por inundação durante curtos períodos.
São usados em quase todos os tipos de solo irrigáveis,
mas são mais apropriados para solos cujas taxas de infiltração
não sejam nem extremamente baixas, nem extremamente altas. As
faixas irrigadas variam em largura de 9 a 30 metros e são separadas
por diques baixos. A declividade do solo deve ser menor que 3%.
Os sulcos em desnível (graded furrows) são formados
entre as ruas plantadas, antes da primeira irrigação.
A direção das ruas é geralmente paralela à
declividade máxima do campo, mas pode ser diferente se uma declividade
menor melhorar o fluxo hidráulico no sulco. O método difere
da irrigação por diques (border irrigation) porque somente
parte da superfície do solo é coberta pela água
durante a irrigação.
Corrugações (corrugations) são canais menores
com menor espaço entre si, usados para irrigar cultivares que
apresentam pequeno espaço entre as plantas, em terrenos moderadamente
íngremes. A corrugação geralmente possui menor
capacidade do que os sulcos e algumas vezes é utilizada dentro
dos sulcos em degraus para melhorar a distribuição da
água.
Bacias em nível (level bacin) são similares aos
sistemas de inundação por diques (border systems) porém
não apresentam declividade em nenhuma direção.
Elas são represadas em todos os lados de modo a fazer com que
toda a água aplicada infiltre-se. São mais apropriadas
para terras que sejam quase totalmente niveladas, de modo que o custo
de nivelação não seja excessivo. O fluxo de água
deve ser suficientemente amplo para cobrir a área em uma proporção
de tempo relativamente pequena em relação ao tempo necessário
para a infiltração da quantidade desejada. Considerando
que algumas plantas são sensíveis à água
represada, esse sistema não deve ser utilizado para tais plantas,
a menos que sulcos sejam utilizados dentro das bacias. Este sistema
geralmente não é utilizado em áreas úmidas,
em que se faz necessária uma rápida drenagem da superfície
do excesso de água da chuva, exceto nos locais em que o arroz,
que tolera água represada, seja cultivado.
Os sistemas de irrigação de superfície são
mais indicados para solos de textura fina a média, com declividade
relativamente pequena e uniforme. A maior despesa inicial deste sistema
refere-se ao nivelamento (dar formato adequado ao terreno) - investimento
que só se faz uma vez. Se a declividade original do campo aproximar-se
da declividade final projetada, um movimento de terra mínimo
será necessário para se conseguir o formato desejado.
Todos os tipos de cultivares podem ser irrigados através de um
dos vários métodos de irrigação de superfície.
Estes métodos podem ser considerados mais adequados nos casos
em que os sais dissolvidos na água tendem a causar danos quando
espalhados sobre as folhas das plantas, ou quando problemas de doenças
possam ocorrer em virtude do molhamento das plantas através de
aspersores.
Embora os sistemas de irrigação de superfície venham
sendo utilizados durante séculos, novas técnicas e aperfeiçoamento
do seu manejo estão sendo continuamente desenvolvidos. A adoção
de equipamentos de nivelação controlado por laser nos
anos 70 simplificou enormemente e melhorou a formatação
e o alisamento do solo. Em 1979 uma técnica rotulada como "irrigação
intermitente" (surge irrigation) - patenteada pela Fundação
da Universidade Estadual de Utah, Stringham e Keller, 1979 - foi desenvolvida
para aumentar a taxa de avanço de água nos sulcos. Esse
tipo de irrigação implica na liberação intermitente
de água nos sulcos. Essa prática, em alguns solos, resulta
em uma infiltração mais uniforme em tempo adequado ao
longo do comprimento dos sulcos e pode reduzir a profundidade da percolação.
Equipamentos comerciais de controle de água estão disponíveis
para executar com êxito o fluxo intermitente.
Outro aperfeiçoamento recente destinado tanto para automatizar
os sistemas de irrigação de superfície, como para
melhorar seu desempenho, é o sistema por cabos (cablegation)
que apresenta uma tomada de água (plug) que se movimenta vagarosamente
dentro de um conduto de água de superfície situado na
extremidade superior de um campo sulcado. O sistema é automatizado
pelo uso de um mecanismo de controle da velocidade do plugue móvel.
A água é liberada em seqüência, em taxas variadas
para os sulcos, a partir de orifícios nos condutos.
IRRIGAÇÃO
POR ASPERSÃO
Estes sistemas de irrigação são classificados de
acordo com a maneira como são operadas as linhas principais e
laterais. Algumas laterais são fixas durante o ano todo, algumas
são movimentadas depois de cada irrigação enquanto
que outros movimentam-se continuamente durante a operação
de irrigação. Os três tipos principais de sistemas
por aspersão são: sistemas fixos, sistemas semi-fixos
e sistemas móveis.
A pressão necessária para distribuir a água e operar
os aspersores é geralmente fornecida por bombas hidráulicas.
Em alguns locais a pressão pode ser provida por gravidade, se
a elevação da fonte de água for suficientemente
alta em relação à área a ser irrigada.
Sistemas fixos e sistemas semi-fixos bem projetados podem aplicar água
com aceitável uniformidade quando a velocidade do vento é
baixa e a taxa de aplicação não excede a taxa de
infiltração do solo, evitando-se assim o excesso de água
não absorvida pelo solo. Sistemas móveis geralmente aplicam
água mais uniformemente do que os sistemas semi-fixos e fixos.
A velocidade de deslocamento dos sistemas móveis (que controla
a quantidade de água aplicada em cada irrigação)
pode ser regulada.
Sistemas de aspersores fixos não precisam ser movimentados após
a sua instalação. As linhas laterais e o número
de aspersores devem ser em número suficiente para cobrir todo
o campo. Para irrigar, os aspersores necessitam apenas serem abertos
ou fechados através da aplicação de água
sob pressão na entrada do sistemas. As linhas laterais podem
ser enterradas na superfície do campo. A maioria dos sistemas
de aspersores fixos possui pequenos aspersores espaçados entre
9 e 24 metros uns os outros, porém alguns sistemas usam grandes
"canhões" ou aspersores do tipo hidráulico espaçados
cerca de 30 a 50 metros.
Um sistemas de aspersores diz-se deslocável (móvel) se
as linhas laterais puderem ser movidas para dentro e para fora do campo
durante o período, a fim de possibilitar as operações
de cultivo, plantio e colheita.
Os sistemas de aspersores semi-fixos são similares aos
sistemas fixos, mas neles há linhas laterais e aspersores em
número suficiente para irrigar apenas uma parte do terreno de
cada vez. As linhas laterais e os aspersores a elas ligados devem ser
movimentados de uma parte do terreno para outra a fim de irrigar o campo
inteiro. As linhas laterais manualmente deslocáveis podem ser
alimentadas com água oriunda de canalizações também
deslocáveis ou através de linhas mestras de água
enterradas. As linhas laterais geralmente consistem em extensões
de tubos de alumínio, aço galvanizado ou PVC, que podem
ser acopladas e separadas com facilidade. Os sistemas de deslocação
manual exigem mão-de-obra maior.
Os sistemas de linhas laterais rebocáveis (end-tow lateral
systems) são conceitualmente similares às linhas laterais
manualmente deslocáveis, exceto pelo fato de terem secções
de tubulação rigidamente acopladas. As linhas laterais
são geralmente rebocadas de um lugar para outro por um trator.
Linhas laterais de rolagem lateral (side-roll laterals) são
um terceiro tipo de sistema periodicamente deslocável. As tubulações
laterais são rigidamente acopladas e cada secção
abaixo delas é sustentada por uma grande roda. O conduto transversal
(linha lateral) forma o eixo das rodas e quando giradas a tubulação
inteira pode ser "rolada" para o campo mais próximo. A unidade
pode ser movimentada mecanicamente através de um motor montado
no centro da tubulação ou por uma fonte exterior instalada
na extremidade de cada linha de tubos.
Os sistemas de aspersores móveis irrigam o solo enquanto
estão em movimento. O sistema de pivô central é
o sistema móvel mais comum. A linha transversal (lateral) de
tubos é fixada em uma extremidade e gira a fim de irrigar uma
grande área circular. A extremidade fixa, o ponto do pivô,
é ligada ao suprimento de água (adutora). A transversal
(linha lateral) consiste em uma série de torres variando em comprimento
entre 27 a 75 metros. Cada torre (ou vãos) é mantida a
cerca de 3 metros acima do chão por uma unidade motriz, uma armação
em forma de "A" montada sobre rodas propelidas por motores elétricos
ou hidráulicos.
Dispositivos mecânicos em cada torre mantém a linha lateral
no alinhamento. A velocidade rotacional do sistema é regulada
pela velocidade da unidade motriz da extremidade, a qual pode ser controlada
pelo operador. Linhas laterais de pivô central mais comuns são
as de 455 metros de comprimento e irrigam uma área circular de
cerca de 65 hectares.
O aspersor móvel (travelling sprinkler ou traveller) consiste
em um aspersor de grande capacidade, montado sobre um chassi auto-propelido.
O aspersor desloca-se em linha reta enquanto é suprido de água
através de uma mangueira flexível. Alguns aspersores móveis
deslocam-se paralelamente a canais abertos dos quais a água é
retirada e pressurizada por uma bomba montada no chassi. Os aspersores
móveis geralmente operam a altas pressões e utilizam muita
energia.
Os sistemas transversais móveis auto-propelidos ou de
deslocamento linear (self - propelled lateral - move systems) combinam
a estrutura e a orientação transversal de pivô central
com um sistema de alimentação de água similar àquele
do aspersor móvel. Eles operam a pressões mais baixas
do que as dos aspersores móveis. Os sistemas de deslocamento
lateral movem-se continuamente em uma direção perpendicular
à lateral. Para efetiva operação eles necessitam
de um campo retangular livre de obstáculos.
Uma modificação dos sistemas de deslocação
lateral e de pivô foi desenvolvido por Lyle e Bordovsky (1981).
Seu sistema de baixa energia e precisão na aplicação
(LEPA) usa emissores de água de baixa pressão que descarregam
pouco acima da superfície do solo. Quando usado em conjunto com
práticas de cultivo modificadas, inclusive diques pouco espaçados
em sulcos, os sistemas LEPA usam tanto água da irrigação
como a água da chuva com efetividade.
Os sistemas de irrigação por aspersão são
adequados para a maioria das plantações e são adaptáveis
à maioria dos solos irrigáveis. Esta flexibilidade é
possível porque os bocais dos aspersores são disponíveis
em uma ampla variedade de capacidades de descarga. Um sistema bem projetado
aplica a água a uma taxa menor que a da infiltração
no solo. O projeto envolve a seleção do tamanho apropriado
do bocal aspersor, pressão de operação e espaçamento
dos aspersores a fim de aplicar a água com uniformidade à
taxa projetada. Os efeitos do vento podem diminuir grandemente a uniformidade
da irrigação e devem ser considerados no projeto.
Os sistemas de deslocamentos periódicos são usados onde
a irrigação não é necessária mais
do que a cada 5 a 7 dias. Os sistemas fixos ou de deslocação
contínua são mais adequados para as condições
em que as irrigações freqüentes e pouco intensas
são necessárias, tais como para plantas de raízes
rasas ou para solos com baixa capacidade de retenção de
água. Os sistemas fixos podem também ser projetados e
operados para prover proteção contra geada e baixa temperatura,
retardamento na florada e resfriamento da planta. A flexibilidade no
controle das taxas de aplicação fazem dos sistemas por
aspersores adequados para a maior parte das condições
topográficas.
Considerando que os aspersores descarregam a água no espaço
acima do dossel das plantas, ocorre alguma evaporação.
E sob condições de vento, uma parte pequena da água
desvia-se da área-alvo da aplicação. A quantidade
de água evaporada e de água desviada é difícil
de ser mensurada com exatidão. A maior parte das avaliações
feitas acusam evaporação e desvio entre 5 a 20% da água
descarregada.
Ocorre igualmente a evaporação do dossel da planta e da
superfície do solo molhado pela aspersão. Usualmente,
a evaporação das superfícies molhadas causa um
decréscimo correspondente na transpiração que ocorreria
sem ela. Irrigações freqüentes e pouco intensas tendem
a resultar em mais evaporação do que irrigações
menos freqüentes porém mais intensas.
O sistema por aspersão necessita de água mais limpa do
que a maioria dos sistemas de superfície. Sedimentos e fragmentos
devem retirados da água pois podem danificar o sistema de aspersão
e podem obstruir os bocais dos aspersores.
A evaporação da folhagem molhada pode causar danos à
planta se a água da irrigação contiver alta concentração
de sais dissolvidos. Uvas, citros e a maior parte das árvores
do cultivar são sensíveis à relativamente baixa
concentração de sódio e cloreto. Algumas frutas,
como maçãs e cerejas, podem ser danificadas pelo depósito
de sal sobre o fruto. Nos locais em que esses problemas potenciais existem,
somente aspersores colocados embaixo das árvores são convenientes.
O aumento da umidade e o decréscimo da temperatura do ar dentro
do dossel causados pelos sistemas de aspersão podem aumentar
a incidência de doenças em alguns cultivares.
MICROIRRIGAÇÃO
OU IRRIGAÇÃO LOCALIZADA
O termo "microirrigação" aplica-se a vários sistemas
de baixa pressão, incluindo-se neles o gotejamento, subsuperfície,
de exsudação e irrigação por mini-pulverização
(nebulização). Sistemas de microirrigação
aplicam água com alta freqüência e à baixas
taxas sobre ou sob a superfície do solo. A água é
aplicada na forma de gotas ou através de mini-aspersores; através
de emissores colocados a espaços pequenos e ligados aos condutos
de fornecimento de água, ou ainda através de nebulizadores.
A irrigação por gotejamento (drip) é o sistema
de microirrigação mais comum. Ele é mais adequado
para plantações mais espaçadas (árvores
ou parreiras) ou cultivares de alto valor. Os emissores desse sistema
servem para duas funções principais:
Eles dissipam a pressão de água no sistema de distribuição
por meio de orifícios, vórtex ou linhas de fluxo longo;
Eles descarregam um fluxo
limitado e quase constante, mesmo que situados em posição
de alta (ou baixa) pressão. Neste caso, são os emissores
autocompensáveis.
Considerando que cada
emissor é um ponto de molhamento, o volume de solo irrigado por
cada emissor é influenciado pelo movimento horizontal e vertical
da água através do solo. O projeto do sistema deva levar
em consideração o volume do solo que pode ser molhado, a
taxa de aplicação e o volume necessário para repor
a água utilizada pela planta, o padrão radicular da planta,
a infiltração e a capacidade de retenção do
solo.
Quando a tubulação e os emissores são colocados abaixo
da superfície do solo, o sistema é chamado de "irrigação
de subsuperfície". Irrigação de subsuperfície
não é o mesmo que "subirrigação". Nesta a
zona radicular é irrigada através do controle do nível
do lençol freático.
Freqüentemente, exigem-se projeto, administração e
manutenção mais acurados para os sistemas de gotejamento
do que para outros métodos de irrigação.
Os microaspersores aplicam água como se fossem um pequeno
borrifo ou névoa. São usados principalmente para pomares
e plantações de citros. O sistema de liberação
de água é semelhante àquele usados nos sistemas de
gotejamento, ou seja, não se molha toda a superfície do
solo.
Os sistemas de microaspersão são adaptáveis para
a maioria dos cultivares. Mas, devido ao seu custo inicial relativamente
alto, eles são usados principalmente onde:
a água é escassa ou cara;
os solos são arenosos,
rochosos ou difíceis de serem nivelados;
cultivares de alto custo
que necessitem de um alto grau de controle da água do solo
são produzidos.
Os sistemas
de microaspersão apresentam várias vantagens potenciais
sobre outros sistemas:
a água é aplicada a taxas baixas, acentuando a penetração
da água em solos problemáticos;
pequenas áreas
são molhadas, reduzindo a evaporação da água
do solo;
menos água é
necessária ao sistema de microaspersão quando as árvores
ou outras plantas de grande espaçamento são jovens
(menos do que nos métodos de superfície ou por aspersão);
reduz o crescimento de
ervas daninhas nas partes do solo que não são molhadas;
aplicações
de água pouco intensas e freqüentes podem manter a água
do solo dentro de uma pequena escala de oscilação
que pode acentuar o crescimento e lucros de alguns cultivares;
aplicações
diárias ou freqüentes de água mantém uma
reduzida concentração de sal na água do solo,
uma vez que os sais movimentam-se para as bordas exteriores da área
molhada, possibilitando o uso de água salina em escala maior
do que é possível com outros métodos.
Todos os sistemas apresentam
algumas desvantagens, mas os métodos de irrigação
localizada (micro-irrigação) apresentam algumas desvantagens
peculiares e potenciais: o entupimento do emissor é o mais sério
e ele afeta a taxa e a uniformidade da aplicação da água,
aumenta os custos de manutenção e resulta em redução
do rendimento da colheita se não for detectado e corrigido. Algumas
medidas preventivas incluem filtragem da água e seu tratamento
químico, limpeza periódica das canalizações
e inspeção de campo.
Outros problemas potenciais dizem respeito ao acúmulo de sal perto
das plantas, limitação na distribuição de
água do solo e no desenvolvimento das raízes das plantas
e altos custos.
SUBIRRIGAÇÃO
Em regiões úmidas, a possibilidade de realizar drenagem
é essencial a fim de permitir o cultivo de solos produtivos.
A drenagem é necessária para possibilitar condições
de movimentação para o preparo e plantio de canteiros
na primavera e para garantir ambiente adequado para o crescimento da
planta durante o período de cultivo. Drenagem excessiva pode
retirar a água de que a planta necessitará mais tarde
na época oportuna e pode aumentar a perda de nutrientes do solo
(lixiviação). Nos locais em que a superfície e
a subsuperfície permitem, os sistemas podem ser projetados e
manejados para desempenhar ambas as funções, de drenagem
e de irrigação. Os componentes do sistema de manejo do
nível do lençol freático incluem uma combinação
de poços de observação abertos e drenos de manilha
na subsuperfície. Estes sistemas de manejo do nível do
lençol de água regulam o escoamento da drenagem para evitar
drenagem excessiva (over-drainage). Água pode também ser
acrescentada para aumentar o nível do lençol freático
a fim de fornecer água para a zona radicular. Durante os períodos
de chuvas pesadas o nível da saída da drenagem pode ser
abaixado para rápida drenagem e para reduzir o risco de dano
às plantas. Sistemas que combinam subirrigação/drenagem
podem ser economicamente exeqüíveis para certos solos nos
quais sistemas individuais de irrigação podem não
ser econômicos.
Os sistemas de manejo do nível de lençol freático
são mais adequados para campos que apresentam declividade de
menos de 2%. Uma barreira natural, impermeável, deve existir
abaixo da superfície a profundidade de menos de 3 metros. Estas
condições geralmente ocorrem em áreas úmidas
e subúmidas, em que períodos de água excessiva
e de déficit de água do solo podem ocorrer dentro do mesmo
período de cultivo.
A quantidade de água necessária para um projeto bem elaborado
e para o manejo dos sistemas de manejo do lençol de água
é aproximadamente a mesma quantidade necessária aos sistemas
de irrigação por aspersão, mas o primeiro geralmente
requer menos energia uma vez que a água não é aplicada
sob pressão.
Idealmente, um sistema de irrigação é projetado
para aplicar uma determinada quantidade de água de modo que em
cada parte da área irrigada a água atinja a mesma profundidade.
Infelizmente, nenhum sistema de irrigação é capaz
de aplicar a água com perfeita uniformidade. O esforço
maior despendido no projeto de um sistema de irrigação
é otimizar a uniformidade da aplicação da água.
Nos projetos de irrigação de superfície para solos
uniformes, os limites das taxas de fluxo de água e o comprimento
dos sulcos são determinados a fim de evitar que a desuniformidade
não seja excessiva. Os limites hidráulicos (pressão
e perda de carga) na rede de tubulação para os aspersores
ou para a irrigação localizada são determinados
da mesma forma.
Há pequenas diferenças no consumo de água em relação
à maior parte dos cultivares irrigados através de qualquer
sistema de irrigação bem projetado e manejado. Mas pode
haver grande diferença na quantidade de percolação
profunda e quanto ao excesso de água que ocorre na superfície.
Cada sistema de irrigação apresenta vantagens e desvantagens.
Geralmente, qualquer um dos principais métodos de irrigação
pode ser adaptado para uso em qualquer plantio irrigado. As restrições
principais para os métodos de irrigação de superfície
são declividade, uniformidade do solo e limitações
topográficas. Em terrenos nivelados pode ser usado qualquer sistema.
Conforme aumentar a declividade do solo e este tornar-se menos uniforme,
somente aspersão e irrigação localizada tornam-se
práticos. A distribuição da água é
melhor controlada em redes de distribuição (adutoras e
linhas laterais) do que em canais ou pela superfície do solo
(irrigação por sulcos ou por inundação).
A uniformidade potencial de aplicação da água e
a quantidade e qualidade do suprimento de água disponível
também influenciam a escolha do método de irrigação.
A consideração final envolvida na seleção
de um sistema de irrigação diz respeito ao capital e custos
operacionais, cultivar a ser irrigado e rentabilidade esperada da colheita
e qualidade. As variações de custos de capital instalado
para os vários tipos de sistemas de irrigação são
apresentados abaixo. O aumento das receitas deve ser suficientes para
pagar o investimento no sistema e os custos operacionais anuais. Mão-de-obra
e energia são dois componentes mais pesados dos custos operacionais.
A mão-de-obra exigida pelos sistemas de irrigação
varia grandemente. Sistemas automatizados tais como irrigação
localizada automatizada e sistemas de pivô central requerem relativamente
baixa taxa de mão-de-obra. A mão-de-obra necessária
para os principais sistemas de irrigação foi tabulada
por Tuner e Anderson (1980) e Lord e outros (1981) e é apresentada
em tabela a parte. Os dados apresentados no demonstram os custos anualizados
em virtude da ampla variação da vida útil esperada
dos vários sistemas e dos componentes dos mesmos. Os dados demonstram,
na realidade, a grande diferença nos custos de capital encontrada
em virtude das diferenças nas fontes da água, topografia
e formato do campo, solos e grandes diferenças nas exigências
de mão-de-obra em virtude da automação.
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