ÁGUA PODE GERAR CONFLITOS
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Apesar
da terra possuir 70% da sua superfície tomada pela água, apenas 3% do seu volume é potável,
pois o restante tem alta concentração de salina, imprópria para o consumo humano. Essa foi a reveleção do professor e doutor do Departamento de Engenharia Civil da UNESP de Ilha Solteira, Tsunao Matsumoto, um dos palestrantes do Seminário Regional de Saneamento Básico, realizado pela SABESP - divisão de Jales, com apoio da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária Ambiental, em parceria com as Faculdades Integradas de Jales e participação da Escola Técnica de Agrícola José Luiz Vianna de Coutinho, em Jales, no mês de outubro. Matsumoto foi enfático ao afirmar que a região de Jales é um local privilegiado em questão das águas superficiais, rodeada pelos grandes reservatórios das hidrelétricas de Ilha Solteira e Água Vermelha, e mesmo assim, nota-se a falta de água nos locais mais elevados e distantes. "O ciclo irregular de chuvas provoca perdas de lavouras e o escassemento de água de poços para o abastecimento da população urbana e rural. Se essa situação perdurar por um período muito longo, corremos o risco de desabastecimento, e o custo disso poderá ser muito elevado", afirma. Para evitar a falta de água, o professor esclarece que é necessário orientar os consumidores para a necessidade de mudança dos hábitos no uso da água, principalmente as que passam por procedimentos de desinfecção e fluoretação, evitando o desperdício e o uso desnecessário ou indevido. Além da mudança de hábitos, deve-se investir em educação ambiental nas escolas básicas, médias e superiores para melhor conscientizar os cidadãos sobre a prevenção ambiental e, principalmente os mananciais e as fontes de água potável. "Procurar não jogar ou acumular lixo no leito ou nas margens de riachos e ribeirões, evitar cavar fossas negras a montante e próximas a poços para evitar contaminação de água e do lençol freático", orienta. Outra questão apontada por Matsumoto é o aumento da população nas áreas urbanas, em loteamentos não planejados, que pode agravar o processo de escassez de água de abastecimento, pois dependerá muito da disponibilidade e dos caminhos para que a água chegue a estes lugares. "Isto envolve custo de implantação, operação e manutenção que muitas vezes inviabiliza o fornecimento de água", esclarece. Assim, o uso de água no próximo século, será muito mais acirrado entre as diversas modalidades de utilização deste precioso líquido, pois além do abastecimento, deverá ser utilizada com mais ênfase na irrigação, na navegação, na agricultura e recreação, e danos podem ser causados a esses setores devido ao rebaixamento do nível dos rios e dos lençois freáticos. Além de Matsumoto, falaram também no Seminário o professor Antônio Caprio, o professor mestre Natal Bíscaro, o engenheiro João Carlos Simake de Souza, ex- presidente da Associação Brasileira de Águas Subterrâneas e o engenheiro professor Francisco José Toledo Piza, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Mackenzie de São Paulo . |
Jornal de Jales , 14 de novembro de 1999, p. 1-11 |
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