FLORESTA AMAZÔNICA ESTÁ SUBMERSA HÁ 15 ANOS PELA BARRAGENS DA HIDRELÉTRICA DE TUCURUÍ, NO PARÁ |
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Reservatório modificou o ecossistema da região |
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Duplicação de usina vai alagar mais 20 km² no Pará |
Duplicação de usina vai alagar mais 20 km² no Pará |
A duplicação da potência da usina hidrelétrica
de Tucuruí (PA) - cujas obras começaram em 1998 - vai provocar o alagamento de mais de 20 km²
de uma região já desmatada na primeira fase. Isso corresponde a uma área superior à
do arquipélago de Fernando de Noronha - 18,4 km². Ambientalista vêm questionando o impacto das novas obras desde que a duplicação foi anunciada e denunciam, novamente, a inexistência de um estudo sobre os danos que elas podem causar ao ambiente. O gerente das obras de expansão da hidrelétrica, Adailton Souza Pinto, disse que o impacto ambiental será nulo. A Eletronorte providenciou um relatório sobre o impacto ambiental, que foi aceito pelo Sectam (Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente) do Estado do Pará. A área atual do reservatório de 2.875 km² será suficiente para atender a demanda das 12 turbinas já existentes e das outras 11 que serão instaladas, segundo a empresa. "O alagamento feito há 15 anos será suficiente, já que estavam previstas as obras de expansão", disse Pinto. Para o pesquisador do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia) Philip Fernside, a Eletronorte não está levando em conta outras variantes, como o aumento da altura do reservatório e a mudança no fluxo de água após a barragem. O diretor da Divisão de Análise de Infra-Estrutura da Sectam, Francisco Carlos Fonseca, disse que, como a duplicação da hidrelétrica já estava prevista no plano original de construção, não haveria necessidade de um novo estudo de impacto ambiental. Foram feitos, no entanto, dois fóruns em Marabá e Tucuruí para discutir a duplicação. Segundo Fonseca, a Eletronorte apresentou um estudo que resultou em 14 projetos ambientais - incluindo preservação de áreas degradadas, educação ambiental e pesquisas biológicas - para compesar eventuais danos. Com as novas turbinas, a hidrelétrica de Tucuruí passará a ter capacidade para produzir 8.370 megawatts contra os 4.125 megawatts atuais. Finalizada, a hidrelétrica terá capacidade para atender 16 milhões de pessoas e as indústrias da região, que consomem metade da energia produzida. O Governo federal está investindo R$ 1,2 bilhão na obra, cuja conclusão está prevista para 2006. Entre as unidades que integram a Eletronorte (subsidiária de Eletrobrás que atua na região amazônica), Tucuruí é a única apresentar superávit financeiro. No modelo de privatização estabelecido para o governo para o setor elétrico, a hidrelétrica será vendida isoladamente. O governo federal afirma que está tomando todas as previdências para evitar que a privatização de Tucuruí cause impactos negativos no mercado de energia elétrica da Amazônia. |
Luíz Indriunas - Folha de São Paulo - 09 de abril de 2000 - p. 3-2 |
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