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Até quando o agronegócio contará com São Pedro?
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Quantas vezes nós vemos produtoresrurais desesperados diante de lavouras destruídas pela longa estiagem? É uma cena tristemente comum nos campos da região sul do Brasil e que, a cada ano, torna-se mais grave em decorrência das alterações climáticas. Como sempre, cabe ao pobre São Pedro assumir o ônus de tamanha tragédia e arcar com uma novena de orações dos vitimados pela seca.

Talvez pudéssemos reduzir um pouco as orações para São Pedro se entendêssemos que o uso da irrigação para ampliar a produtividade agrícola deveria ser uma prioridade nacional. O Brasil, segundo dados do Ministério da Integração Nacional, divulgados pela Secretaria Nacional de Irrigação (Senir), possui cerca de 5,5 milhões de hectares irrigados. O Rio Grande do Sul lidera o ranking nacional de áreas irrigadas, com quase um milhão de hectares, seguido de São Paulo com 770 mil hectares.

Paraná e Santa Catarina, juntos, não chegam a 300 mil hectares. Os números são baixos se comparados aos de outras potências agrícolas mundiais, como os Estados Unidos da América (EUA) – onde a área irrigada gira em torno de 30 milhões de hectares, quase seis vezes mais que a do Brasil. Outro fato que chama a atenção é que apenas recentemente o Brasil formatou uma política nacional para irrigação, expressa na Lei 11.287/13, que estabelece uma integração com as políticas setoriais de recursos hídricos, de meio ambiente, de energia e saneamento ambiental. Legislação semelhante já completa quatro décadas nos EUA e cerca de meio século nos principais países agrícolas europeus.

O interessante é que os mais diferentes estudos no Brasil e no Exterior apontam para um incrível acréscimo na produtividade das lavouras que se beneficiam de sistemas de irrigação. Em média se produz três vezes mais do que em áreas não irrigadas artificialmente.

As lavouras de milho e de soja são os expoentes deste ganho em produtividade. Artigo publicado em 2008 por pesquisadores da Agência Paulista da Tecnologia dos Agronegócios (APTA) revela que a irrigação faz bem também para o meio ambiente. Cerca de 90% da água utilizada nestas lavouras retorna à natureza pela transpiração das plantas, reequilibrando o ciclo hidrológico natural da região além de manter o solo umedecido por período mais regular – o que também favorece aos animais e a flora nativa. Claro que a captação precisa ser feita dentro de normas técnicas de segurança ambiental e apoiada por medidas de sustentabilidade como reservatórios naturais de águas recolhidas pela chuva.

Outro estudo interessante e não tão recente (1998) do Professor Fernando Braz Tangerino Hernandez da Universidade Estadual Paulista nos mostra que nos EUA a água utilizada nos sistemas de irrigação agrícola é captada em 52% dos mananciais superficiais (rios e lagos) e 48% provém de mananciais subterrâneos. É curioso porque abaixo do solo brasileiro repousa o Aquífero Guarani, que ocupa 1,2 milhão de Km2 das principais regiões agrícolas do Brasil (sul, sudeste e centro-oeste) e muito pouco se tem feito, menos de 10%, para usar a água subterrânea na irrigação de lavouras brasileiras. Em muitos casos perfurações de 250 metros podem garantir extraordinário abastecimento por décadas de uso.

Um dado da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul) divulgado em fevereiro de 2014 passado nos revela que o custo médio por hectare de um moderno sistema de irrigação fica em torno de R$ 7 mil. Custo ainda muito elevado para os nossos produtores e que poderia ser financiado de forma diferenciada, como preconiza a política nacional de irrigação. Mas, na prática, o uso deste recurso tem se mostrado ineficiente seja pela falta de incentivo, seja pela falta de informação.

A região sul do Brasil, sem abrir novas frentes de lavoura, poderia triplicar a produção, além de diversificá-la, agregando novos produtos, como faz o estado norte-americano da Califórnia. Lá, em uma região muita mais seca que a nossa, são produzidos 250 tipos de produtos agrícolas e a combinação de calor e água faz com que sejam produzidas frutas, legumes e cereais de excelente qualidade. Por certo a política de irrigação dos Estados Unidos não é prefeita e nem os produtores de lá estão totalmente livres da tragédia da estiagem, mas sem dúvida a novena para São Pedro é mais curta do que a nossa.

Amanhã, 06 de janeiro de 2015.
UNESP, 06 de janeiro de 2015.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
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