Eu
sou e sempre fui um liberal. De origens que remontam a Locke e Thomas
Jefferson, o liberalismo vem nascendo, morrendo, mas sempre ressurgindo
na sociedade há mais de 200 anos. Por vezes ele sucumbe às
tentações totalitárias, como o comunismo ou o fascismo.
Mas sempre renasce, cada vez mais forte, quando as ilusões e
utopias se desvanecem. Por que ele está sempre de volta? Talvez
porque seja o único conjunto de idéias que condiz com
o espírito e a dignidade do ser humano.
Ser liberal
é repudiar a esquerda e a direita. Se imaginarmos o espaço
ideológico como um triângulo, teremos em um vértice
a esquerda, em outro a direita e no terceiro o liberalismo. A direita
é conservadora, imobilista e aferrada aos privilégios.
A esquerda, por sua vez, defende um Estado onipresente, que comanda
a sociedade e dita as regras da convivência humana. O liberalismo
não é de direita, porque não teme a inovação
e o progresso e abomina os privilégios, e refuta a esquerda,
porque entende que os direitos dos indivíduos estão acima
das imposições do Estado.
Você
talvez seja um liberal sem nunca se ter dado conta disso. Transcrevo,
a seguir, uma compilação de idéias liberais, em
que procurei resumir todos os princípios que regem a visão
de mundo do liberalismo. Se você, leitor, concordar com tudo o
que é dito a seguir, é porque, mesmo sem o saber, é
um liberal também. E não há por que envergonhar-se
disso.
O
CREDO LIBERAL
-
Ser liberal é, sobretudo, jamais temer a liberdade; é
acreditar no homem; é saber que, no âmago de cada um, reside
uma usina de força, uma energia divina à espera de ser
despertada.
É apostar
no indivíduo; crer na sua capacidade de, por si só, reformar
o mundo, melhorando-o, não só para si mas também
para seus semelhantes e seus descendentes.
- Ser liberal
é compreender que os direitos de cada indivíduo não
são concedidos pela sociedade nem outorgados pelo Estado; são,
isso sim, sagrados, emanados das mãos de Deus.
- Ser liberal
é entender que a real liberdade não é apenas a
liberdade política; que esta só se torna plena quando
acompanhada da liberdade econômica.
É defender
que o mesmo direito de escolha que o homem, como cidadão, consuma
pelo voto não lhe pode ser vedado – como produtor e consumidor
– exercê-lo pelo mercado.
- Ser liberal
é saber que somente pela livre opção dos consumidores,
como pela livre concorrência entre os produtores, é que
se dá o verdadeiro progresso, obtido com produtos e serviços
cada vez melhores, oferecidos a preços cada vez mais baixos.
É vedar
ao Estado o direito de estabelecer monopólios, criar reservas
de mercado ou outorgar privilégios a quem quer que seja, sob
qual pretexto for.
- Ser liberal
é respeitar os cidadãos no seu direito à propriedade
de todos os bens que, honestamente, amealharam.
É proteger
a propriedade de cada um da sanha de todos; é proteger a propriedade
de todos da sanha de cada um.
- Ser liberal
é compreender que a solidariedade será sempre inócua
enquanto se fizer pelos outros o que eles podem fazer por si próprios.
É auxiliar
os fracos, socorrer os aflitos, mas jamais perder de vista que só
se dá uma ajuda efetiva quando os ajudamos a se ajudarem.
- Ser liberal
é defender intransigentemente a igualdade. Não como a
padronização dos costumes ou o nivelamento das rendas.
É saber
que a verdadeira igualdade é, isso sim, a igualdade de oportunidades.
E esta só se dá pelo acesso garantido a todos, sem discriminações,
a serviços eficientes de educação, saúde,
segurança e justiça.
- Ser liberal
não é pregar o fim do Estado nem sequer enfraquecê-lo.
É defender que ele seja forte e eficaz, porque concentrado nessas
suas básicas funções.
Pois é
somente através dessas garantias que o homem se torna um cidadão,
preparado e capacitado a desenvolver-se em seus potenciais.
- Ser liberal,
por fim, é acreditar que não se louva a Deus apenas pela
prece, mas também pelo esforço de cada um para construir
um mundo melhor.
Pois a verdadeira
fé não se manifesta apenas pelos joelhos que se dobram,
mas principalmente pelo espírito, o qual nunca se deixa dobrar...
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