JULIANO
COSTA GONÇALVES
MARÇAL ROGÉRIO RIZZO OSVALDO NATALIN JÚNIOR |
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IMPORTÂNCIA DA ÁGUA PARA OS SERES VIVOS A ingestão de água potável é um dos mais importantes fatores para a conservação da saúde, prevenção das doenças e proteção do organismo contra o envelhecimento. Cerca de 10 milhões de pessoas morrem anualmente de doenças transmitidas pela água. Já no Brasil, o mau estado do líquido é responsável por 65% das internações hospitalares, ou seja, muitos brasileiros estão ingerindo água contaminada. Um exemplo dessa contaminação é as recentes pesquisas que realizadas em poços artesianos paranaenses e de outras cidades do Brasil. Os resultados apontam a presença de resíduos tóxicos - dois pesticidas com uso proibido em todo território nacional há mais de 30 anos. Encontraram também os mesmos resíduos nas verduras e hortaliças comercializadas em várias cidades do Paraná. Isso é muito sério, pois a água que ingerimos vai formar a maior parte do nosso corpo - cerca de 70% - considera-se que devemos ter o maior cuidado na escolha de qualidade da água que bebemos. Com este tipo de cuidado estaremos prevenindo a ingestão de substâncias altamente tóxicas ao organismo, causadoras de doenças com múltiplos sintomas e de difícil diagnóstico e tratamento. Poderíamos fazer até mesmo uma relação dos sintomas das doenças determinadas pelos resíduos de substâncias tóxicas que habitualmente fazem parte da composição das nossas águas de abastecimento, as quais normalmente carreiam poluentes tóxicos provenientes de indústrias, dejetos de esgotos, além de agrotóxicos utilizados nas lavouras situadas às margens dos rios e córregos sem nenhum cuidado com o meio ambiente. Recentemente a renomada revista americana "Water Enviromental & Technology" publicou um artigo dizendo que drogas utilizadas para o tratamento de câncer, hormônios (como a testoterona) e a aspirina foram encontrados na água de abastecimento em cidades americanas e européias. Tais drogas podem levar ao comprometimento de aqüicultura, criação dos mais diversos animais e bem como o comprometimento de nós, seres humanos. Provavelmente estas drogas provêem de laboratórios farmacêuticos, hospitais e mesmo do uso doméstico de cada dia que despejamos nos esgotos. Muitas vezes, estes, não são tratados e mesmo quando tratados não há a completa remoção das substâncias citadas. É um fato grave, pois, atualmente, não se sabe os potenciais riscos destas substâncias no organismo humano, tanto de forma direta quanto indireta. Sabe-se que a cada dia microrganismos estão cada vez mais resistentes aos atuais antibióticos, sendo conhecida à relação com o fato comentado aqui. No Brasil, certamente a situação é a mesma, pois nossos esgotos na grande maioria não são convenientemente coletados e tratados, quando são tratados. Continua na próxima edição. A Tribuna, Jales, 22 de abril de 2001, Ano XIV, nº 652, p.A-10 A ÁGUA NO MUNDO E NO BRASIL Quando ouvimos alguém dizer que teremos falta de água, até parece deboche. Afinal a superfície do planeta possui 2/3 de água. Porém, grande parte dessa água (oceanos e mares) é salgada, sendo possível consumí-la somente se gastarmos verdadeiros mares de dinheiro para desalina-la. Apenas 2% da água está armazenada nas geleiras, em lugares quase inacessíveis e 1% de toda a água do planeta está disponível para uso, estando armazenada nos lençóis subterrâneos, lagos, rios e na atmosfera.
Fonte:
Universidade da Água
É bom lembrar que grandes áreas do mundo já sofrem total escassez de água. São as áreas desérticas. Na África, temos o Saara com 9.000.000 Km2 e o Kalahari com 260.000 Km2. Temos também a Arábia (225.500 Km2), Gobi (1.295.000 Km2) e no Chile o deserto de Atacama com seus 78.268 Km2. Outros onze países da África e mais nove do Oriente Médio já não têm mais água e a situação já é muito crítica no México, Hungria, Índia, China, Tailândia e Estados Unidos. A América Latina possui a maior disponibilidade de água por habitante do mundo, como verificamos na tabela abaixo.
Fonte:
N.B.Ayibotele.1992.The world water: assessing the resource.
Nota-se que a disponibilidade de água em todos os continentes tende a diminuir cada vez mais, fato que demonstra, mais uma vez, a real necessidade de se rever o consumo e a solução deste problema em curto prazo. Notem que Ásia , África e Europa são os menos favorecidos com água disponível ao consumo humano. Mesmo que a América Latina possua a melhor condição quanto a disponibilidade de água, e má distribuição desse recurso com grande concentração na região amazônica conduz a problemas de escassez em muitas regiões. O Brasil ilustra essa situação. Nosso país detém 11,6% da água doce superficial do mundo, mas aproximadamente 70% da água disponível para uso está localizada na Região Amazônica. Os 30% restantes distribuem-se desigualmente pelo país, para atender a 93% da população (DNAEE,1992). Observe o quadro abaixo:
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Tribuna, Jales, 13 de maio de 2001, Ano XIV, nº 655, p.A5
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Para piorar a situação, dados da World Wide Fund (WWF) mostram que o consumo de água dobra a cada 25 anos e isso significa que se continuarmos nesse mesmo ritmo, já em 2008, cerca de 60% da humanidade não disporá mais da água suficiente ou em boas condições de uso. A escassez é uma sombria realidade no país, não só no clima semi-árido do nordeste, mas, também, nas Regiões Metropolitanas densamente povoadas de São Paulo e Campinas. Outro dado relevante é o consumo médio anual de água por habitante, segundo seu nível de renda, pois quanto maior sua renda, será maior seu consumo de água, confira o quadro abaixo: Esses dados indicam que quanto maior a renda da população, maior é o consumo de água, muitas vezes com luxos e confortos promovidos a custos do uso de piscinas, regras de jardim, maior frequência em lavagens gerais, bem como maior tempo em banhos e lavagens de automóveis. Pode-se começar com a total despoluição, dos rios degradados e a conscientização da população, indústrias e agriculturas para o uso racional da água. Grande parte dos rios próximos aos centros urbanos está poluída e sua completa revitalização é quase que impossível a curto prazo, levando-nos mais uma vez a procurar soluções de curto prazo, nem sempre adequadas com o ideal de sustentabilidade. A busca de um desenvolvimento sustentável, ou seja, um desenvolvimento que considere o direito ao uso dos recursos pelas futuras gerações, será uma utopia se continuarmos fazendo muito pouco como atualmente. O futuro será caótico se continuarmos poluindo a natureza, este organismo cada vez mais doente que cada dia diminui sua capacidade de amortizar os nossos efeitos sobre ela e tende a um estado de irreversão total deste quadro já grave de saúde. Estamos tendendo a um quadro de paciente terminal, tudo devido ao ideal imposto a partir dos anos 50-80 de desenvolvimento econômico a qualquer custo, sem qualquer preocupação com a natureza. A natureza está sendo devastada há muito tempo, e cada dia que passa sem resposta aos problemas atuais e antigos é um dia a menos de vida para todos nós. Afinal, quando pensa em meio ambiente, sabe-se que os efeitos de muitos poluentes (como metais pesados) são cumulativos, ainda mais quando pensa-se que a poluição está acima da capacidade de regeneração da natureza. O que nos resta? Esperar por uma vida em outro planeta a ser destruído? Ou adotar uma outra postura frente à natureza? Ainda não é tarde demais!
Fonte:
Banco Mundial (1992)
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Tribuna,20 de maio 2001, Ano XIV, Edição nº 656, p.A-13
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A SITUAÇÃO DA ÁGUA NO MUNDO E NO BRASIL Uma
boa forma de iniciar sua participação na preservação
do meio ambiente é não desperdiçar água.
No Brasil 40% da água tratada é perdiada. Vazamentos nas
adutoras e encanamentos sem a manutenção devida e ligações
clandestinas são os grandes vilões. Porém, nós
cidadãos também somos responsáveis por parte desse
desperdício. FAÇA
SUA PARTE, ECONOMIZA ÁGUA: PELO
FIM DO LIXO NOS RIOS
Há
muito a ser feito e todos podem colaborar. A iniciativa privada precisa
ser conquistada. Ela ainda é pouco sensível a estas questões
e em muitos casos são grandes agentes poluidores e consumidores
abusivos de água. Não se esqueça também
que o voto é uma arma importante e um instrumento de participação.
Exija dos seus canditados compromissos com o meio ambiente, o vote naquels
que têm propostas que ajudem a garantir a qualidade de água
de hoje e de amanhã.
Juliano Costa Gonçalves Paulistano, Cientista Social, Mestrando no Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) na área de Desenvolvimento Econômico, Espaço e Meio Ambiente. [e-mail: jcosta@eco.unicamp.br]. Marçal Rogério Rizzo Jalesense, Economista, Mestrando no Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) na área de Economia Social e do Trabalho. [e-mail: rizzo@eco.unicamp.br Oswaldo Natalin Júnior Jalesense, Engenheiro Civil, Mestrando na Faculdade de Engenharia Civil da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) na área de Saneamento e Ambiente. [e-mail: natalinj@fec.unicamp.br]. |
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Tribuna, 03 de junho 2001, Ano XIV, Edição nº 658, p.A-4
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